A manhã desta quinta-feira (18) foi para celebrar os livros e as suas fantásticas histórias. Na plateia, crianças entre um ano e seis meses e seis anos. Olhares curiosos, atentos a toda e qualquer movimentação. Os alunos da Escola de Educação Infantil São José, no bairro Cruzeiro, em Caxias do Sul, não sabiam muito bem o que iria acontecer. Sabiam que receberiam uma visita especial. Sentadinhos e bem comportados, dispostos de maneira que os maiores ficavam nas cadeiras mais para trás, enquanto que os menores ocupavam os assentos mais à frente do palco.
Então, por volta das 9h, chegou a surpresa. Na verdade, duas surpresas. Na primeira delas, cerca de 15 alunos do turno inverso do Colégio São José, que fica bem no Centro da cidade, apresentaram um espetáculo teatral baseado na obra O Lobo que Caiu do Livro, escrito por Thierry Robberecht, com ilustrações de Grégoire Mabire. A ideia central do livro é uma forma de imersão em uma porção de histórias, contos e lendas da literatura infantil. Nela, o lobo entra e sai de várias dessas aventuras, tendo como coadjuvantes personagens como o Pinóquio, o Capitão Gancho, as amigas bruxas, e por aí vai.
Depois das cenas inventadas a partir da obra infantil, foi revelada a segunda surpresa. Os alunos do Colégio São José fizeram a entrega de 700 livros que foram doados a partir de uma das ações da Semana Literária e Cultural da escola.
— Essa aqui é uma parte apenas da doação que recebemos, que começou a partir da educação infantil e se estendeu para toda a escola. Selecionamos 700 livros que atendem a faixa etária daqui, inclusive com livros para os bebês, em outros materiais e texturas — revela Natália Catafesta, coordenadora da Educação Infantil do Colégio São José.
As obras serão acolhidas pela biblioteca da Escola de Educação Infantil São José, no Cruzeiro, que há 41 anos atende a cerca de 130 crianças em vulnerabilidade social. A escola é mantida pela Congregação das Irmãs de São José.
— Essa doação vai nos possibilitar iniciar a modalidade de empréstimo dos livros, aqui na escola, onde atendemos a crianças de um ano e meio a seis anos, em turno integral. Aqui não cobramos mensalidade e a cada ano temos uma fila de cerca de 100 alunos que passam por entrevistas para serem selecionados — explica Taiuch Salles, coordenadora da Escola de Educação Infantil São José.
Após a entrega de algumas das obras para que os pequenos pudessem folheá-las, a impressão que dava, era de que eles estavam tentando encontrar os personagens que haviam ocupado o palco, minutos antes. E se não fossem as professoras organizarem as filas para que cada turminha voltasse a sua sala de aula, eles teriam continuado ali, sentadinhos, com seus livros em mãos. É mais uma prova de que, a partir da educação, a literatura assume o papel de vetor, não apenas para a diversão, mas para a leitura de um novo mundo que só se revela por meio das palavras.
A programação da Semana Literária e Cultural do Colégio São José se encerra neste sábado (20). Quem sabe, com alunos e professores revigorados, agora com propostas pedagógicas e sociais que saíram dos muros da escola, ampliando suas redes de afeto, tendo o livro como uma certa desculpa para fortalecer os vínculos que só a educação é capaz de estabelecer.
