Dançar é uma das paixões de Nariele Brochetto dos Passos, 30 anos, que leva no sobrenome a ação básica daquilo que mais gosta de fazer. Curiosamente, ela nasceu em 21 de março, data que marca também o Dia Internacional da Síndrome de Down. Com um cromossomo a mais — não à toa conhecido como o "cromossomo do amor" — ela esbanja carisma ao performar e não precisou mais do que um empurrãozinho para que se soltasse na aula de dança promovida pelo Projeto Cultura Hip Hop nas Escolas, que chega à 7ª edição em Caxias do Sul.
A iniciativa Especial Intercâmbios Culturais, que dissemina a cultura hip hop pelo município, desta vez foi além do ambiente escolar, voltando-se também para os PCDs (pessoas com deficiência) e idosos. As atividades ocorreram na quarta-feira (17), no Centro de Treinamento Marcopolo (CTM). O espaço sedia o Projeto Envolver, promovendo a inclusão no trabalho a mais de 100 pessoas, como a Nariele, empregada pela empresa há 13 anos.
Além da dança, a turma da manhã deu início a um painel de grafite, colorindo as letras da palavra "envolver". Essa arte deixa o ambiente de trabalho ainda mais agradável e colorido, pois foi produzida de forma colaborativa e inclusiva.
— Eu gosto de trabalhar aqui. Foi meu primeiro emprego com carteira assinada. Fico muito agradecido porque sempre me acolheram bem. Vou te dizer, sinceramente, não me considero uma pessoa com deficiência, porque sei fazer tudo — declarou Wagner Nunes Chaves, 38, que também participou das atividades, comprovando que, além de exercer bem sua função no trabalho, manda bem no grafite e na dança.
Entre os instrutores desta etapa do projeto, Roni Fernando Kramer Rodrigues ministrou aulas de dança.
— Todo mundo já tem um balanço no corpo, trago movimentos que fazem parte do dia a dia e está sendo maravilhosa a experiência — descreveu Rodrigues.
Ele e outros profissionais prestaram orientação nas atividades desta quarta-feira, no CTM, que também envolveu oficinas de artesanato e Poesia na Bolsa, esta realizada com a participação de cerca de 15 integrantes do projeto Maturidade Ativa do Sesc Caxias.
Rever o passado para apontar o futuro
Na semana passada, os grupos receberam o rapper caxiense Chiquinho Divilas, idealizador do projeto, com a palestra que ele ministra sobre sua trajetória no hip hop e também sobre o surgimento do movimento cultural que, na década de 1970, foi um fator de pacificação entre comunidades que viviam no subúrbio de Nova York, nos estados Unidos. Aliás, Chiquinho acredita que essa mesma proposta deveria ser aplicada no atual contexto regional.
Durante o mês de maio, o projeto percorre ainda as escolas estaduais Abramo Randon, Olga Maria Kayser, Silvio Dalzotto, Cristóvão de Mendonza, São Caetano e Evaristo de Antoni, envolvendo cerca de cinco mil pessoas nas oficinas da Arte da Palavra — com Slam, Pajada e Rima —, aulas de break, grafite, DJ e artesanato.
O projeto Cultura Hip Hop nas Escolas é realizado em Caxias desde 2018, alcançando mais de 20 mil pessoas. Nesta edição, ocorre por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, com patrocínio da Fundação Marcopolo e Sanmartin, e parceria da Metadados, Reflorestadores Unidos S.A. e Pisani Plásticos.
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