São mais de 10 anos sem tocar em Caxias e a saudade dos Titãs é tanta que os ingressos para a o show desta quinta-feira (25), às 21h, no UCS Teatro, esgotaram ainda no início de abril. O Trio de Ferro, como são carinhosamente chamados, promete não decepcionar. Em um show intimista, sem deixar de ser vibrante, Branco Mello, Sérgio Britto e Tony Bellotto irão reviver o Acústico MTV e cantar sucessos posteriores, como Epitáfio, Enquanto Houver Sol e É Preciso Saber Viver.
— Fora as canções, a gente conta histórias e fala sobre o que serviu de inspiração para cada uma delas. É como se a gente estivesse recebendo os fãs na sala das nossas casas — adianta Britto.
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Titãs fazem show na quinta, em Caxias
Nesta entrevista, ele também fala sobre projetos da banda, como é estar no Titãs e quem da nova geração de músicos está surpreendendo.
Confira:
Sete Dias: Como é reviver o clima do Acústico MTV?
Sérgio Britto: É um prazer enorme reviver esse clima do Acústico MTV, foi uma turnê muito bem-sucedida e a gente estava devendo isso aos fãs. Muita gente nos pedia para fazer algo assim e estamos fazendo num formato que relembra, remete àquele repertório todo. Tem todos os sucessos do disco e alguns outros que gravamos depois de 1997. É um show incrível, uma celebração nossa, tocamos próximo dos fãs.
O que os fãs da Serra podem esperar do show?
É um show com todos os nossos sucessos, muitos têm essas músicas do Acústico arranjadas para trio, mas com sabor dos arranjos orquestrais. Para nós, uma coisa interessante é o formato um pouco diferente. É um espetáculo íntimo, envolvente e rico para nós e para os fãs. Acho que qualquer um que tenha sido ou que seja fã dos Titãs vai sair satisfeito.
Paralela à turnê do trio acústico, vocês têm a turnê da ópera-rock Doze Flores Amarelas e o espetáculo Enquanto Houver Sol. De onde vem essa energia?
A gente sempre procura inventar maneiras de transformar nosso trabalho em prazer. Procuramos fugir da rotina. O fato de termos esses shows na estrada é prova disso. Fazer um show de trio é totalmente diferente de fazer um show elétrico, com bateria e tudo mais. Parece que você descansa de uma coisa, mas ao mesmo tempo é uma coisa que parece ser sempre novidade. Fazemos essa força para se reinventar e se colocar desafios exatamente para preservar nossa relação com a música e com a banda para que seja sempre prazerosa para nós e para os fãs.
Falando em Doze Flores Amarelas, como é fazer uma ópera-rock?
Foi uma experiência incrível. Primeiro pelo ponto de vista da composição, acho que fazer música para contar uma história é muito diferente, é uma coisa que nunca tínhamos experimentado. Falar sobre temas sobre os quais nunca falamos, falar através de personagens, tudo é muito rico e instigante. Para nós, como compositores, foi uma experiência única. Fora isso, teve toda a parte da encenação, da gravação do DVD que a gente contracenou com três atrizes cantoras e com outros dois atores. Tem todo um aparato visual por trás da execução das músicas. É um espetáculo híbrido como a gente nunca tinha tentado fazer. Foi realmente uma experiência incrível e única na nossa carreira.
Vocês três já passaram na casa dos 50. Qual a sensação de envelhecer fazendo rock?
Olha, da minha parte, eu sempre tive uma inveja e uma admiração enorme por bluesman, como Johnny Hooker, B. B. King, esses caras que envelheceram na estrada tocando com a mesma vitalidade e intensidade que faziam quando eram jovens. Isso sempre foi uma coisa que eu quis. De certa maneira, acho que a gente está realizando ou começando a realizar esse tipo de coisa. Ainda temos vitalidade e gana para fazer shows energéticos, com a mesma disposição que a gente tinha há 10 ou 20 anos. Óbvio que as coisas mudam e você aprende a administrar tudo isso de outra maneira, mas acho que você não precisa abdicar de nada por causa da idade.
Os Titãs começaram com nove integrantes e agora vocês são apenas três. Como é manter viva a banda?
Se você reparar, eu, Tony e Branco somos autores individualmente, em parceria entre nós ou com outros ex-Titãs da totalidade das músicas que a gente toca. Eu já cantei inúmeros sucessos dos Titãs, o Branco também. Nós somos ainda um núcleo muito representativo do que a banda é, ou era. Ainda é legítimo o fato da gente manter a banda viva e atuante, tanto é que temos feito trabalhos inéditos quase que a cada dois anos, fora as turnês e tudo. A dinâmica da banda mudou bastante. Óbvio que você trabalhar em oito e trabalhar em três é diferente em alguns aspectos. Em outros, não. A gente sempre foi uma banda em que prevaleceu a melhor ideia, sempre fomos aberto ao diálogo, fomos sempre uma democracia. Sempre discutimos tudo e sempre optamos pelo que prefere a maioria. Continuamos assim. O desafio de renovação e de se manter relevante permanece o mesmo.
O que vocês têm ouvido ultimamente?
Ouço desde jazz, música clássica e, obviamente, música pop e rock. Só para falar dos meus últimos dias, voltei a ouvir muitas coisas do Johnny Cash, que eu acho um artista incrível.
Quem da nova geração de músicos está surpreendendo?
Existem bandas bacanas que estão na ativa há um bom tempo, como Vanguart, Vespas Mandarinas, Boogarins e outras que estão procurando se firmar em um mercado que não é exatamente favorável ao pop-rock. Mas também vejo que há atividades em todos os gêneros por aí. Coisas interessantes acontecendo no rap, no funk e por aí vai. O que falta é um pouco mais de espaço para que essas bandas possam aparecer.