Os diferentes sotaques e a riqueza de ritmos que fazem a música brasileira respeitada no mundo todo terão uma amostra significativa na abertura da temporada 2018 do Tum Tum Instrumental, em Caxias do Sul. Neste domingo, irão reverberar pelo Teatro Pedro Parenti os berimbaus do gaúcho Sandro Cartier e a união de violão, violino, flauta e tambores do grupo Madureira Armorial, que chega de Campinas-SP. Além de diferentes experiências sonoras, será uma oportunidade para ver e ouvir como cultura popular e erudita podem beber uma da fonte da outra.
Criado em 2011 pelo violonista e pesquisador paraibano Gilber Cesar Souto Maior, o Quinteto Madureira Armorial presta tributo ao movimento armorial capitaneado pelo escritor Ariano Suassuna, em Recife, nos anos 1970. A corrente cultural unia manifestações artísticas oriundas do Nordeste, como a quadrilha, o maracatu, o teatro de bonecos, o cordel, o frevo, o bumba-meu-boi, entre tantas outras. No palco, o quinteto une música, canto e poesias numa viagem ao nordeste “suassuniano”.
– Estamos sempre atentos a festivais pelo Brasil, mas principalmente os que são mais próximos. Sermos chamados a levar os folguedos nordestinos e o universo de Ariano Suassuna a outro extremo do país foi algo que nos deixou muito felizes, pois será uma troca muito bacana – elogia Gilber.
Da mesma forma que o Madureira Armorial, o gaúcho Sandro Cartier também faz da música objeto de pesquisa acadêmica e instrumento educativo. Graduado em percussão pela UFSM, onde é professor, e mestre em Educação pela UPF, é autor de diversos estudos sobre pandeiro e berimbau, que leva da universidade para as escolas e para o palco. O show que trará a Caxias, O Som Que Vem das Cordas, chama a atenção tanto pela inventividade, com as possibilidades sonoras que explora a partir de variações do berimbau e do uso das cordas vocais como instrumento, quanto pela riqueza de sensações que expressa misturando timbres orgânicos a recursos eletrônicos, como pedais de efeito e o looping, que grava bases criadas na hora.
– Os berimbaus que utilizo foram construídos com materiais reciclados ou encontrados na rua. Tem a ver com a minha proposta de dar acesso a bons instrumentos às escolas e mostrar que é possível fazer música com esse material. O mote do show é que, mesmo que nem todo mundo tenha a capacidade de tocar um instrumento de forma virtuosa, todos temos musicalidade, e é isso que deixa o show mais interessante, porque em determinados momentos as pessoas se encontram com essa musicalidade – destaca Cartier.
Programe-se
O quê: shows de Sandro Cartier e Quinteto Madureira Armorial
Quando: domingo, às 19h (duração: 90 minutos)
Onde: Teatro Pedro Parenti, na Casa da Cultura (Rua Dr. Montaury, 1.333)
Quanto: entrada gratuita, mas pede-se a entrega de um quilo de alimento não-perecível