Não à toa Sérgio Chapelin é a cara do Globo Repórter: foi ele o primeiro a apresentar o programa em 1973, por dez anos seguidos. O início na TV Globo se deu antes, no Jornal Hoje, em 1972, ano que marcou também a sua entrada no Jornal Nacional.
Fantástico, Jornal Amanhã, Jornal Internacional, Jornal da Noite e Jornal da Globo fazem parte da sua trajetória. Entre idas e vindas – um ano no SBT, de 1983 a 1984 – Chapelin é a história viva da televisão brasileira.
Aos 75 anos, com mais de duas décadas somente no Globo Repórter, ele revela a fonte da sua juventude diante de tantos rostos novos na telinha.
Aqui Entre Nós – Tens saudade dos tempos de Jornal Nacional ao lado de Cid Moreira? O que ficou daquela época?
Sérgio Chapelin – Dos tempos do Jornal Nacional, fica a boa lembrança de uma época importante para mim. A presença diária na vida e na casa das pessoas sempre gerou um carinho muito especial do público pela dupla que formava com o Cid. Isso é o que fica na minha memória afetiva. Mas não existe um saudosismo. A operação de um telejornal diário é muito intensa e coube naquele período.
E olha que essa dupla é inesquecível!
É muita parceria! Nos tempos da tevê em preto e branco...
E na colorida também!
Aqui – Como vês a televisão de hoje com relação ao tempo em que tu começaste?
Chapelin – A começar que era em preto e branco (risos). Mas, tirando a parte da tecnologia, que mudou muito, a matéria-prima é a mesma. Trabalhamos com os mesmos elementos, que são a informação e a emoção.
Assim foi no Fantástico...
E ao longo destes anos no Globo Repórter.
Aqui – Qual foi a tua estratégia para se reinventar e se atualizar em um meio que sempre pede novos rostos?
Chapelin – Sou a mesma pessoa. Leio meus textos com o cuidado necessário e o carinho que preciso para acessar o público. Sob o ponto de vista físico, não fiz esforço algum. Meu rosto envelheceu, meu cabelo embranqueceu...
Mas continua boa-pinta! E com o bom humor a mil nos bastidores do programa.
Aqui – O que gostas de fazer nas tuas terras, em Itanhandu (no interior de Minas Gerais), e que revela o Sérgio Chapelin por trás das câmeras?
Chapelin – Tenho, na verdade, um pequeno sítio, onde cuido dos meus sete cachorros. É uma propriedade modesta que, agora, está quase toda reflorestada, e isso tem atraído de volta alguns animais, alguns pássaros. Não sou exatamente um homem do campo, mas a beleza da natureza e o contato com ela é fundamental para mim. É um refúgio.
A sua relação com o campo foi mostrada neste Globo Repórter que a jornalista gaúcha Rosane Marchetti fez na Serra da Mantiqueira.
Aqui – Esse contato com a natureza é o segredo de estar assim tão bem, aos 75 anos?
Chapelin – Acho que a serenidade do campo ajuda, somada a uma genética que beneficia. Sair dessa "imobilidade urbana" é importante para mim e me ajuda a viver bem. Mas há quem seja extremamente urbano e consiga o mesmo resultado.
Aqui – Se tivesse um Globo Repórter sobre o Sérgio Chapelin, como achas que seria?
Chapelin – Acho que não deveriam fazer um programa a meu respeito (risos). Fico tímido com homenagens.