Se você procurar numa biblioteca ou livraria (física ou virtual), vai encontrar dezenas de edições de Frankenstein, livro da inglesa Mary Shelley escrito há 200 anos, em junho de 1816. Somente nos primeiros meses de 2016 foram pelo menos duas novas edições, uma da Nova Fronteira, em capa dura, e outra da Landmark, bilíngue (português-inglês).
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– Como vários clássicos, sempre tem alguém procurando o livro – diz o livreiro Germano Weinrich, da Do Arco da Velha Livraria e Café.
Além das versões integrais, fiéis ao original, há dezenas de releituras e até mesmo o que se poderia chamar de obras derivadas. A Nova Fronteira, por exemplo, tem uma versão em que a história foi adaptada pelo escritor Rui Castro. Nessa versão, lançada ainda em 1994, a história não começa com as cartas de Robert Walton, o marinheiro que relata à irmã seu encontro com o Dr. Frankenstein e a inacreditável história que este lhe contou, e sim diretamente com o criador do monstro narrando como se debruçava "com um misto de nojo e fascínio, sobre os corpos em decomposição no laboratório". O estilo, nesse caso, é mais direto, o que o torna mais atraente para muitos dos leitores atuais – não nos esqueçamos que o original foi escrito há dois séculos.
Já as derivações são as mais variadas, com o personagem criado por Mary Shelley dando origem a uma série de outros livros e similares. Entre eles estão desde a graphic novel Madame Frankenstein, de Jamie S. Rich e Megan Levens, a histórias infantis, como Os Detetives Do Impossível _ O Complô De Frankenstein, de Max Keller. Há ainda personagem de quadrinhos (o simpático Frank, da Turma do Penadinho, de Mauricio de Sousa) e até mesmo uma série de cinco livros do escritor norte-americano Dean Koontz em que o Dr. Victor Frankenstein agora é um cientista e magnata da tecnologia conhecido como Victor Frankenstein, que pode estar ligado a uma estranha série de mortes em que partes dos corpos das vítimas estão sendo roubadas.
No cinema também são muitas as versões e "continuações", desde que, em 1910, o estúdio de Thomas Edison produziu um curta com a história, passando por clássicos dos anos 1930 e várias outras produções, algumas colocando a criatura em contato com outros seres assustadores, de Drácula a múmias.
Mais recentemente, o fenômeno infanto-juvenil da franquia Monster High, que tem desde bonecas a filmes de animação, também traz entre suas personagens mais populares a monstrinha Frankie Stein.
CURIOSIDADES
- Embora concebido em junho de 1816, o livro levou cerca de um ano e meio para ser publicado, sendo lançado em início de 1818
- Enquanto terminava o livro, a jovem autora casou-se com Percy Shelley (que estava com ela em Genebra quando do desafio de Lord Byron), mas o livro não saiu nem com Mary Godwin, nem com Mary Shelley na capa: foi publicado sem assinatura, como era comum na época; só mais tarde é que revelou-se a autoria
- Em 1831, enquanto Mary Shelley ainda vivia, foi publicada uma edição revisada da obra, com algumas alterações em relação à primeira; entre elas, Victor Frankenstein aparece como mais fascinado com a alquimia e com os cientistas renascentistas, e Elisabeth, sua amada, deixa de ser sua prima, como na primeira versão
- Nos filmes, em geral, predomina uma visão mais determinista, como, por exemplo, o uso do cérebro de um criminoso justificando os atos violentos da criatura
- Na Alemanha, a 40 quilômetros de Frankfurt, está o Castelo Frankenstein; construído no século 13 por uma família com esse nome, ele pertenceu no século 17 a Johann Konrad Dippel, que, segundo a lenda, tentava trazer cadáveres de volta à vida e assinava "von Frankenstein"
- Há teorias segundo as quais essa lenda teria originado o nome do personagem de Mary Shelley; outras dizem que ele se referia a uma cidade da Silésia (na Alemanha também há uma cidade chamada Frankenstein), e outras ainda que ela seria a junção do nome de dois cientistas