Semana passada, Jaques Morelembaum estava em Gramado. Era jurado do Festival de Cinema. Uma semana depois, volta a Caxias. O violoncelista, maestro, produtor arranjador carioca se apresenta neste sábado, às 20h, na Sala de Teatro do Ordovás. Vem com seu grupo, o Cello Samba Trio, que tem ainda o violonista Lula Galvão e o percussionista Marcelo Costa. A apresentação integra o Projeto Tum Tum Instrumental, com ingressos a R$ 10 e R$ 5. Sábado, às 9h30min, no Teatro do Sesc, ele participa de um bate-papo com os interessados. Para esta atividade, o ingresso é R$ 30. Confira a seguir trechos da entrevista concedida por telefone, do Rio de Janeiro:
- Está sendo um mês gaúcho para mim. Gosto muito do Sul e não é sempre que posso voltar duas vezes. Em Caxias nunca estive. Para nós, músicos tem um sabor muito especial conquistar um novo porto. A gente vive viajando mundo afora e, em cada porto que chega, é uma alegria muito especial.
- Somos uma formação bastante democrática. A música instrumental no Brasil ainda não é uma garantia de uma estabilidade, de uma independência total. A maioria toca com outros músicos, acompanha cantores. Por isso, grandes músicos já passaram pelo trio como o Ricardo Silveiro e Gabriel Improta no violão, Robertinho Silva e Tuty Moreno na bateria, todos se divertem muito.
- Além de umas poucas composições originais minhas, homenageio os grandes mestres com quem já toquei: Tom Jobim, com quem toquei por dez anos, Caetano Veloso, com quem trabalhei por 14 anos, o Gilberto Gil com quem venho tocando desde 2009, o Egberto Gismonti, com quem toquei por cinco anos.
- O samba é um estilo onde o improviso é bem quisto, bem vindo. É isso que a gente gosta de fazer. Venho de família de imigrantes, meus pais são brasileiros mas meus quatro avós são europeus, então o samba foi meu passaporte de entrada para a cultura brasileira, para eu reconhecer e conhecer a identidade cultural brasileira. Na minha primeira infância, em casa só tinha discos eruditos, nada de música popular. Aí veio o João Gilberto. Minha escola para o samba foi ele. Através das gravações dele, comecei a estudar o samba, dissecar seus elementos e aprender a sua graça. O samba que o João Gilberto e o Tom Jobim fazem aquele com o qual me identifico. Ali eu encontro os predicados que aprecio na música de uma forma geral. O Cello Samba Trio é muito inspirado nesse espírito do samba.
- O Tom Jobim é um artista marcante na história. Em dez anos de turnês pelo mundo, trilhas de filme, especiais para tevê, mesas de bar, foi muito aprendizado, muita experiência.
- Não posso reclamar da agenda, não. Tenho um projeto que estou repetindo, é o volume 2, de orquestrações e regência de um disco do pianista cubano Omar Sosa. Agora é com uma big band de uma rádio estatal de Hamburgo. Também produzo um disco Sadao Watanabe, saxofonista japonês que está gravando com músicos brasileiros. Temos vários concertos do Cello Samba Trio pelo Brasil. Nesta quinta-feira vou a Vitória, no Espírito Santo, para tocar oito músicas dos Beatles com o Clube Banda Big Beatles. Na sexta, volto ao Rio, e sigo para Caxias.
Cultura
Jaques Morelembaum se apresenta neste sábado, em Caxias
Músico e arranjador vem com o Cello samba Trio para repertório focado em variações do samba
Carlinhos Santos
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