'Mundo audiovisual é coadjuvante do racismo', diz pesquisador cubano Carlos Moore

Racismo e Sociedade (Editora Nandyala, 131 páginas, R$ 20), é o livro mais recente do escritor e pesquisador cubano Carlos Moore, que participa de bate-papo neste domingo, às 18h, no Auditório da feira do Livro, em Caxias do Sul. Nesta obra, reeditada, ele apresenta novas bases epistemológicas para entender o racismo - "constrói-se historicamente e não de maneira ideológica", afirma.

Militante do combate ao ódio racial, teve como parceiros Malcolm X, Cheikh Anta Diop, Aimé Césaire, Abdias Nascimento, entre outros. Escreveu a biografia do músico nigeriano Fela Kuti, pai do afrobeat e disseminador do orgulho negro além-fronteiras.

Afirma que o Brasil cultiva a ideologia da democracia racial, que nega a existência do racismo e, assim, dificulta seu combate. As manifestações artísticas, às vezes, podem ser aliadas à essa promoção da igualdade.

O hip hop é responsável por produzir um contra discurso, levar as pessoas a terem outra visão de um sentimento racial. Quando fez a biografia de Fela Kuti - FELA. Esta puta vida - percebeu que a música é um vetor poderosíssimo para atingir a consciência - "chega às tripas, é direta". A televisão, para ele, pode exercer papel contrário.

- O mundo audiovisual é coadjuvante do racismo. As novelas e a grande imprensa só costumam retratar o negro como jogador de futebol, músico ou ladrão. Isso é perigoso para a sociedade, que tem 52% de população africana e não se vê retratada nas revistas - argumenta.

Moore considera programas como o Zorra Total - graças a personagens como Adelaide - um insulto às mulheres do país:

- Como se nega o racismo aqui, pode-se fazer de tudo: aí não é racismo, é piada.

PROGRAME-SE
O que: bate-papo com o escritor cubano Carlos Moore
Quando: domingo, às 19h
Onde: no Auditório da Feira do Livro
Quanto: entrada gratuita