Tempo de duração e intervalo entre uma edição e outra sempre foram motivo de discussão e análise por parte da organização da Festa Nacional da Uva. Entram aí aspectos envolvendo desde custos, número de expositores e corso alegórico até ociosidade dos Pavilhões, divulgação do evento e, logicamente, um “gosto de quero mais”. Todo esse “combo” entrou em pauta quando a edição de 1986 começou a ser planejada.
Era o início do formato “de dois em dois anos”, que perduraria pelas três décadas seguintes, até a edição de 2016. Conforme o jornalista Luiz Carlos Erbes, autor do livro "Festa da Uva - A Alma de um Povo", a atração de 35 anos atrás também teve o período de visitação reduzido, a partir de uma decisão do presidente, o ex-prefeito Mario David Vanin (1940-2015).
“O evento passou a se estender por três finais de semana, totalizando 17 dias a partir de 1986. O objetivo era reduzir as despesas dos expositores e tornar viável a própria Festa Nacional da Uva, Turismo e Empreendimentos, controlada pelo Governo do Estado por intermédio da CRTur”.
Dois em dois anos
Conforme o autor Luiz Carlos Erbes, a reestruturação consistia no seguinte: a duração da festa, que nas décadas de 1950 e 1960 era de quatro semanas - e, a partir de 1978, de três -, seria reduzida para duas semanas, enquanto o intervalo entre uma e outra edição também diminuiria.
De quatro anos entre 1950 e 1969 e de três a partir de 1972, a exposição passaria a ser realizada de dois em dois anos. Com isso, a Festa da Uva que seria organizada em 1987, na sequência da edição de 1984, foi antecipada para 1986. O autor destacou os motivos no livro lançado em 2012:
“Com uma edição a cada dois anos, os Pavilhões não ficariam tanto tempo ociosos e teriam um aproveitamento melhor, permitindo uma lucratividade melhor - ou um prejuízo menor. Para quem mostrava produtos, era vantajoso porque as edições eram mais enxutas e os intervalos, menores. ‘Os expositores não aguentavam mais nos últimos dias, estavam cansados e esperando para ir embora’, conta Mario Vanin. ‘E festa tem que ter sabor de festa quando termina, para a pessoa querer voltar. Aquilo não era jeito de terminar a Festa da Uva’, acrescentou”.
Confira no quadro abaixo os intervalos de 1950 até hoje. No período de quatro em quatro anos, a exceção ocorreu na primeira edição da década de 1960, em 1961. Nos anos 1980 e 1989, o mesmo ocorreu em 1989 e 1994.
A sequência dois em dois seguiu de 1994 até 2016. A última festa ocorreu em 2019. A próxima será em 2022, de 18 de fevereiro a 6 de março.
Os intervalos
- Quatro anos: edições de 1950, 1954, 1958,1961 (exceção), 1965 e 1969.
- Três anos: edições de 1972, 1975, 1978, 1981 e 1984.
- Dois anos: edições de 1986, 1989 (exceção), 1991, 1994 (exceção), 1996, 1998, 2000, 2002, 2004, 2006, 2008, 2010, 2012, 2014, 2016 e 2019 (exceção).
O trio de soberanas
Assim como os intervalos entre cada edição e os dias de duração, o número de soberanas também oscilou bastante, chegando a um quinteto. O formato rainha e quatro princesas dominou as edições de 1961 a 1972. A configuração trio deu-se a partir de 1975, com apenas uma exceção, em 1981.
Foi quando a rainha Marília Conte teve a companhia de Magda Martini, Silvana Magnabosco Moreira, Maria Isabel Eberle e Nora Torelly. Já na edição de 1984, retornou a tríade, então formada por Marisa Dotti Spier, Sônia Tomazzoni e Adriana Tonietto. Elas foram sucedidas, em 1986, pela rainha Silvia Slomp, representante do Reno Piscina Clube, e pelas princesas Ana Mari Tedesco (do Clube Juvenil) e Beatriz Grazziotin Denardi (do Incitatus).
Na foto mais acima, Silvia e Marisa durante o baile de gala da escolha, ocorrido em 5 de outubro de 1985, no Recreio da Juventude. Na foto que abre a matéria, a coroação, em 27 de outubro de 1985, nos Pavilhões. Na época, baile de escolha e coroação ocorriam em eventos distintos.
Na imprensa
Confira nas reproduções abaixo, a repercussão da escolha e da coroação no Jornal de Caxias de outubro de 1985.
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