A famosa foto da chegada do trem a Caxias em 1º de junho de 1910, publicada neste espaço segunda-feira, quando se completaram os exatos 110 anos do acontecimento, trouxe as memórias não apenas do imigrante italiano Domingos Mancuso enquanto fotógrafo. Na coluna de hoje destacamos um pouco de sua história distante das câmeras e negativos de vidro.
Conforme dados do perfil contido na publicação O Instante e o Tempo - A Fotografia em Caxias do Sul 1885-1960, Domingos Mancuso era um ótimo cozinheiro e um invencível jogador de bilhar. Também foi proprietário do Café Gaúcho, onde exercitava seus dotes culinários e jogava bilhar com os amigos. É provavelmente de uma dessas noites de jogo e roleta o raríssimo registro acima, em que Domingos (à esquerda) aparece junto a um grupo de amigos não identificados por volta de 1915.
A imagem integra o acervo pessoal do neto Renan Carlos Mancuso, filho de Reno Mancuso, que assumiu o estúdio do pai a partir de 1937. É deste mesmo ano a foto em família abaixo, trazendo, entre as pessoas sentadas, dona Cecília Fonini Mancuso (esposa de Domingos), o filho Ciro Mancuso, a sogra Alexandrina Von Schalabrendorff Fonini e dona Clementina Fonini Antruine (irmã de Cecília). Em pé, Domingos Mancuso, os filhos Caetano, Carmela e Rubi Mancuso, o senhor Carlos Antruini e Clemente Mancuso.
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NO PIONEIRO EM 1984
Reportagem especial do Pioneiro publicada em 1º de setembro de 1984 destacou, em um dos trechos, o fim das atividades do fotógrafo que eternizou a cidade a partir de 1908.
“Em 1930, Domingos Mancuso transformou em esporádica a atividade fotográfica desenvolvida exclusivamente por vinte e tantos anos de trabalho. Seus olhos cansaram pelo constante desgaste que o retoque nos negativos provocava, e o ofício passou para os filhos Clemente - que se estabeleceu em Vacaria - e Reno que, em Caxias, abriu estúdio em três pontos diferentes da Avenida Júlio: primeiro, onde hoje é o prédio “dos Vaccari” (ao lado do Juvenil), depois, ao lado, onde é o “dos Peretti”, e finalmente estabelecendo-se ao lado da atual Farmácia Confiança. E aí começa outra história, porque, neste último local, o atelier fotográfico de Reno era vizinho da loja de calçados de Francisco Fortuna. Este, por volta de 1950, acabou adquirindo a coleção dos 102 negativos em vidro restantes do trabalho de Domingos Mancuso. Coleção essa que, em 1983, veio enriquecer o acervo da fototeca do Arquivo Histórico Municipal, graças à doação de Fortuna, que teve o alcance de perceber a importância deste patrimônio na recuperação da história de Caxias do Sul”.
Patrimônio
Os negativos de vidro originais de Domingos Mancuso (1885-1942) integram o acervo do Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami. As imagens – e diversas outras histórias e informações familiares – também podem ser conferidas no blog www.caxiaspormancuso.blogspot.com, mantido por Renan Carlos Mancuso, neto de Domingos e filho do também fotógrafo Reno Mancuso. Lá estão reproduções de documentos, certidões, matérias de jornal, fotos raras e uma curiosa crônica de Mário Gardelin sobre dona Alexandrina Von Schalabrendorff Fonini, conhecida como “a baronesa”.
Postal de Dia dos Namorados
Aproveitando a proximidade do Dia dos Namorados, reproduzimos aqui um dos destaques do acervo de Domingos Mancuso: um romântico postal dedicado a então namorada Cecília Fonini em 1908:
“Longe de ti tão distante
nunca tão triste me vi
não passo horas nem momentos
que não lembro-me de ti
manda-me o teu retrato, sim
Saudades, Domingos Mancuso, 4-02-1908”
Domingos e Cecília casaram em 31 de julho de 1909 e tiveram sete filhos: Caetano, Clemente, Ruby, Carmela, Reno, Rômulo e Cyro. Domingos Mancuso faleceu em 5 de maio de 1942. Tinha 56 anos.