Símbolo arquitetônico do município de Vacaria e um dos mais belos exemplares sacros do Estado, a Catedral Nossa Senhora da Oliveira tem sua construção atrelada à trajetória de centenas de trabalhadores e obreiros que atuaram por lá a partir de 1900, quando do lançamento da pedra fundamental. Entre eles figura o imigrante italiano Giovanni Luigi Toigo, cuja história foi abordada pelo neto Renato Francisco Toigo no livro Giuditta - A saga de uma família de imigrantes italianos, lançado pela Editora da Universidade de Caxias do Sul em 2019. A publicação foi concebida a partir dos relatos da avó Genoveffa Nicolettto Toigo, do pai, João Quinto Toigo (Joanin), e do tio José Severino Toigo, o Zeca.
Avós paternos de Renato, Giovanni Luigi Toigo e Angela Genoveffa Nicoletto se conheceram em Arten, comuna de Fonzaso, em Belluno, onde casaram em 13 de janeiro de 1917. Após a morte da mãe, Giuditta – a matriarca que dá nome ao livro –, Giovanni, a esposa grávida e as três primeiras filhas (Prima, Giuseppina e Ginna) migraram para o Brasil, chegando ao Rio Grande do Sul em 1º de maio de 1922, juntamente com o primo “muratore” (construtor) Silvio Toigo e diversos outros imigrantes vênetos.
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O cartão-postal de Vacaria
Inicialmente, Giovanni, esposa e prole dirigiram-se para a Vila de Antônio Prado, onde foram acolhidos pelo cunhado Giovanni Pasa e permaneceram por dois anos. Posteriormente, devido a seus conhecimentos em arquitetura e construção, Giovanni (João) foi contratado pelos Freis Capuchinhos para dar continuidade, em 1925, à obra da Catedral de pedra de Vacaria, nos Campos de Cima da Serra. Nas imagens desta página, alguns registros fornecidos pelo neto Renato Toigo e que integram o livro.
Na foto abaixo, de 1931, Giovanni Toigo (à esquerda, em pé) aparece no espaço do coro da Catedral juntamente com o pintor Antonio Cremonese (responsável pela imagens e ladainhas da abóbada) e um visitante não identificado. Sentados estão o escultor Mario Cilo Zambelli (irmão de Michelangelo e Estácio, autor das esculturas de gesso e cimento nas colunas e no forro), o frei capuchinho Efrem de Bellevaux e o marceneiro Luiz Ferrazzi, a quem coube a confecção dos bancos, portas e outros detalhes em madeira. Ao lado, um retrato de Giovanni e a inscrição Toigo, gravada pelo próprio, em uma das pedras mouras da Catedral.
O casal e os filhos
Giovanni Luigi Toigo nasceu na comuna de Fonzaso, província italiana de Belluno, a 12 de agosto de 1889. Faleceu de estomatite gangrenosa em 11 de janeiro de 1935, aos 45 anos, antes de ver concluído o templo. A esposa Angela Genoveffa Nicoletto, a dona Joana, nasceu em Arten, na mesma província, em 5 de março de 1898, vindo a falecer em Porto Alegre em 12 de agosto de 1981. Tinha 83 anos.
O casal teve 10 filhos: Prima Domenica (Irmã Lina), Giuseppina (Josefa), Ginna (Irmã Jeanne), Maria Stella, João Quinto (Joanin), Romano Lino (Frei Getúlio), Judith Alice, Anna Inez, Maria Hermínia e José Severino (Zeca) – duas crianças, Lina e Mário, faleceram ainda bebês. Na foto ao lado, a família em Vacaria em 1928.
Giovanni e Genoveffa aparecem com os filhos Prima, Giuseppina, Ginna (italianas), Stela Maria, João Quinto (nascidos em Antônio Prado) e Romano Lino (vacariano). Detalhe: a foto acima foi alterada após 1931, quando a menina Judith Alice, nascida em 1930, foi “encaixada” no colo do pai.