Ele foi o zagueiro dos "pés mágicos", como a imprensa da décadas de 1930 e 1940 costumava referir-se ao jogador – muito devido à segurança que transmitia na retaguarda. Mas Alcides Longhi (1917-1994) foi muito mais do que um dos grandes craques do Esporte Clube Juventude de sua época. Capitão do time a partir de 1939, diretor de futebol em 1947 e presidente em 1949, Longhi também contribuiu para qualificar a estrutura da lendária Quinta dos Pinheiros, com a construção de um novo pavilhão, e do próprio Estádio Alfredo Jaconi, quando coordenou as obras do novo estádio, inaugurado em 23 de março de 1975.
Na foto acima a equipe do Ju em 1935, quando Alcides Longhi, então com 18 anos, ingressou no time principal, após a passagem pelos juniores. Já naquele ano, conquistou com o time seu primeiro Campeonato Citadino, feito repetido em 1936, 1938, 1940 e 1941. Longhi é o primeiro agachado à esquerda e aparece junto a outros nomes eternizados na memória futebolística da cidade, como Benito Gonzalez (Castelhano), Décio Nabinger, Bolacha, Bolachinha, Alfredo Jaconi, Mário Frigeri, Raul, Dirceu, Bortinha, Mário Martini, Renato Fasoli e Antonio Garbim.
Detalhe: 10 anos depois, em 21 de julho de 1945, Longhi era perfilado na coluna Craque da Semana, publicada semanalmente pelo jornal "O Momento" (reproduções abaixo):
"Neste número, o craque da semana é Longhi. Este veterano defensor do Juventude, que ainda hoje defende com o mesmo ardor a camisa alviverde, começou a atuar em 1935. Naquele ano, foi um dos baluartes da defesa verde no memorável embate contra o Grêmio de Porto Alegre, quando os locais venceram os campeões da Farroupilha pela contagem de 4 a 1. Foi campeão em 1935, 1936, 1938, 1939, 1940 e 1941.Conta atualmente com 27 anos de idade e é o jogador mais antigo que ainda joga no Juventude. No próximo número, Mário Martini ".
Três anos depois, em 1948, Longhi, Mário Martini e Renato Fasoli penduraram, definitivamente, as chuteiras. Mas a ligação com o clube seguiu firme. Alcides Longhi ingressou nos veteranos em 1953, atuando posteriormente com conselheiro, membro da comissão técnica e diretor de futebol.
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Entre chuteiras e sapatos
Coincidência ou não, a habilidade de Alcides Longhi com os pés dialogou com a profissão de sapateiro, iniciada por volta de 1935. Foi quando surgiu a empresa Longhi & Cia Ltda, que, em 1944, daria origem à lendária Fábrica de Calçados Caxias – especializada na produção de modelos para colegiais e botas para o Exército, conforme abordado na coluna de quarta-feira
Três anos depois, em 1947, surgia a nova sede própria, localizada na Rua Borges de Medeiros esquina com a Hércules Galló. Já em 1948 era inaugurado o Varejo de Calçados, junto ao famoso casarão da família Pezzi, na esquina da Sinimbu com a Marquês do Herval, atual Edifício Dona Ercília (detalhe abaixo, captado durante o Congresso Eucarístico Diocesano de 1948).
A expansão dos negócios caminhava junto com a personalidade altruísta do empresário. Bastante ligado às causas humanitárias, Alcides Longui anualmente promovia a doação de sapatos colegiais para os alunos do Abrigo de Menores São José.
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Em família
Alcides Longhi casou-se com Noris Leda Artico em 10 de setembro de 1938, nascendo dessa união os filhos Beatriz, Elisabeth, Vera Mari, Villi Victorio, Vitor Augusto e Roberto Alcides. Ele faleceu em 18 de agosto de 1994, aos 77 anos. Na foto acima, o casal posando no lendário Studio Geremia, cujo cenário eternizou centenas de noivos nos anos 1930 e 1940.
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Colaboração
Parte das informações desta coluna foi reproduzida das pesquisas e do livro Crônica das famílias Longhi & Frantz e sua Parentela em Caxias do Sul, de Ricardo André Longhi Frantz, neto de Alcides.
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