Juventudista e jaconero que se preze conhece – ou pelo menos deveria conhecer – a história dele. Falamos do mítico Alfredo Jaconi, jogador, treinador, assessor técnico, massagista de ocasião, diretor de campo, presidente do clube, enfim, uma das figuras mais expressivas da família esmeraldina – um papo de verdade, de alma e coração, nas palavras do médico, escritor e juventudista Francisco Michielin. Às vésperas dos 45 anos de inauguração do estádio que leva seu nome, em 23 de março de 1975, recordar de "Alfredinho" é obrigatório.
Filho de Hilário e Cesira Jaconi, Alfredo Jaconi nasceu em 27 de fevereiro de 1910 e com menos de oito anos já frequentava a lendária Quinta dos Pinheiros. Começou cedo, segundo detalhado por Michielin no livro Juventude: Paixão e Glória, lançado em 2016:
"Não tinha ainda 15 anos completos ao vestir a camisa alviverde pela primeira vez na condição de “mirim”. Dos infantis, passou a ser juvenil, depois aspirante e, por fim, consumando os seus sonhos, meia esquerda titular, quebrando o galho, também, na ponta direita. Mas, praticamente. jogou em todas as posições, pois sempre se oferecia para atuar onde houvesse uma brecha."
Na foto acima, Alfredo Jaconi (agachado à direita) e o time de 1934, com a rainha Suely Campagnolllo Bergmann ao centro. Em pé, da esquerda para a direita, estão Bolacha, Mário Martini, Bortinha, Renato Fasoli, Antonio Garbim e Zito. No meio, Frigeri, Dirceu, Xispa, Martinez e Jaconi, À frente, sentados nas laterais, Gonzaga e Raul. Ao centro, o goleiro Adelino Fabbris, de apelido Vanzetti, em alusão a um dos anarquistas italianos injustamente levados à cadeira elétrica nos EUA, em 1927.
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Conforme reportagem do Pioneiro de 13 de dezembro de 1952 desde sua mocidade, Alfredinho dedicou horas, dias e anos a serviço de seu clube do coração, ocupando todas as posições diretivas após encerrar sua carreira como atleta, em 1938. Foi de simples auxiliar até o mais alto mandatário do clube.
"Suas horas de lazer eram tomadas pelos vários serviços e encargos que ocupava naquela agremiação. Tanto que os próprios serviços profissionais eram interrompidos ou mesmo prejudicados em função da atenção ao Juventude".
Entre tantas atividades paralelas, a que ficou eternizada foi a de vendedor do Inseticida Rajá, fabricado pelo laboratório do doutor Rui Ramos e comercializado a bordo de sua famosa motocicleta.
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Na foto acima, o jovem Alfredinho (o terceiro a partir da esquerda) aparece com o time mirim do Sport Clube Juventude em 1922, defronte à antiga Agência Sul da Ford. O grupo é completado pelos jogadores Henrique Michielin, Julio Filippini, Casemiro Michielin, Germano Michielin, um, Grossi, Jacinto Lozano, Neno Vial, Renato Galló, Alberto Canalle e Oswaldo "Mirim" Ártico.
Atrás, junto à porta, o senhor João Battastini (de bigode) e Ernesto Battastini. A imagem foi gentilmente cedida pelo médico e escritor Francisco Michielin, filho do antigo jogador e diretor da Metalúrgica Abramo Eberle Henrique Michielin (1909-1947).
Presidência em 1946
Alfredo Jaconi chegou à presidência do clube em 1946. A partir daí, comandou a campanha para a construção do novo pavilhão, responsável por trazer grande orgulho à papada no decorrer da década de 1950.
Conforme o autor Francisco Michielin, Alfredinho também garimpava novos jogadores, arranjando-lhes moradia. Quando o dinheiro não era suficiente, cobria as despesas com seus próprios recursos, vendendo terrenos de sua propriedade.
"Não tinha o menor prurido em desfazer-se de seu capital.Vendeu rifas, desembolsou dinheiro e perdeu boa parte do patrimônio. Tudo doado ao seu clube do coração".
Abaixo, os mascotes Marien Salatino Rech (no colo de Alfredo Jaconi) e seu primo Raimundo Nora, juntamente com o senhor Lotair Reis.
Morte na cervejaria
Ajudar o Ju, para Alfredo Jaconi, não era um sacrifício, era um honra, definiu o autor Francisco Michielin em seu livro. Toda essa dedicação, porém, foi interrompida na manhã de 6 de dezembro de 1952, nas dependências da lendária Cervejaria Leonardelli. Foi enquanto Alfredinho encomendava os barris de chope para a grande Parada da Vitória, com a qual o clube campeão da cidade festejaria os triunfos esportivos daquela última temporada.
Mas essa é uma história que você confere em detalhes na próxima coluna, com a repercussão de sua morte nos jornais Diário do Nordeste e Pioneiro de 68 anos atrás...
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