A trajetória da clássica Casa Maggioni, abordada na coluna de ontem, traz à tona não apenas as memórias das famílias Maggioni e Comunello, mas também do cotidiano do bairro São Pelegrino. Que o diga dona Maria Helena Maggioni Comunello, moradora daquele trecho da Av. Júlio de Castilhos desde o final da década de 1940.
Um mosaico de fotografias antigas decorando uma das salas do apartamento resume bem essa relação de pertencimento _ com o bairro e com o comércio de calçados da família. Estão lá, por exemplo, as fotos da festa de 15 anos de dona Maria Helena — filha caçula de Paulo Maggioni e dona Paulina Pola Maggioni — realizada nas dependências da própria loja, em 1961.
Outro destaque é a menina com a mãe em frente ao "vizinho de porta" Armazém Zatti, após a saída de uma missa no final dos anos 1940. Era a época em que a vizinhança era formada por nomes diretamente atrelados ao desenvolvimento do bairro, como os Muratore, Ferretti, Niederauer, Fasoli, Postali, Cia, Scopel, Bertola e Mariani, entre outros. Sem falar, lógico, em estabelecimentos clássicos frequentados por dezenas de outras famílias:
— A Casa Londres, a Marmoria Cia, o Cinema Real, o armazém do senhor Luis Casara — recorda dona Maria Helena, que, em 28 de novembro de 1964, casou com Moacir Comunello, nascendo dessa união os filhos Maria Paula, Fernando e Paulo Maurício.
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Vinho no porão
Mais do que reunir filhos e netos durante os tradicionais almoços de domingo, o salão de festas do prédio da família abrigava outra "atividade" marcante de seu Paulo Maggioni: a produção de vinho. Basicamente para o consumo em família, a bebida também era oferecida a amigos.
Conforme a filha Maria Helena, o caminhão parava na calçada:
— A uva era transportada lá para baixo por um cano que passava pelo corredor ao lado da loja — recorda.
Dois registros dessa fase (abaixo), com o casal junto às pipas e garrafas, são mantidos emoldurados até hoje no porão do prédio. É lá também que a neta Maria Paula Comunello, filha de Maria Helena, costuma promover um bazar aberto ao público. O próximo ocorrerá no dia 13 de julho, das 9h às 17h. Serão vendidas roupas, acessórios, peças antigas de decoração e criações de Maria Paula.
Tudo em meio a lembranças dos avós, como garrafões, garrafas, maquinário vinícola e até o antigo sofá para os clientes provarem os sapatos na Casa Maggioni.
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Atuação
Conforme Maria Helena Maggioni Comunello, que trabalhou na loja dos 14 aos 62 anos, o pai atuava mais nos bastidores e na administração. Já a mãe era a essência da "boa vendedora". Não por acaso, uma das lembranças mais frequentes entre os clientes era a de dona Paulina sentada ao lado do caixa, coordenando a equipe.
Dona Paulina faleceu em 2011, aos 94 anos. Era viúva havia 24 anos de seu Paulo Maggioni, falecido repentinamente em 1987, um mês após o casal celebrar as bodas de ouro. Ele tinha 72 anos.
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