O casarão está recebendo os últimos detalhes e, em breve, será o mais recente exemplar histórico revitalizado da Av. Júlio Castilhos, entre as ruas Dr. Montaury e Visconde de Pelotas. Falamos da construção que pertenceu inicialmente ao imigrante italiano Germano Parolini, comerciante dos primórdios da colonização e membro da Junta Municipal entre 1890 e 1891 — o assunto foi abordado em uma coluna de 2016, conforme você lê AQUI.
Coberta durante anos pelas enormes placas publicitárias, a fachada original ressurgiu em 2015, com as lojas adequando-se à lei que regulamenta o tamanho dessas estruturas em prédios antigos. O que se viu à época, no entanto, foi uma lástima: aberturas revestidas com tijolos, detalhes suprimidos, grade da varanda original serrada ao meio, pintura descascada, fiação exposta e até vegetação brotando em meio ao concreto (fotos abaixo).
Tudo isso começou a ficar para trás há três meses, quando se iniciaram os trabalhos de reforma do imóvel, tanto interna quanto externamente. A cargo do arquiteto Andrigo Demari, o projeto incluiu novas aberturas, nova grade na varanda, nova pintura, enfim, intervenções que cada vez mais devem servir de exemplo — para que outros proprietários e locatários de imóveis antigos atentem para a memória e a história dos espaços.
A cidade agradece...
Na sequência abaixo, um "antes e depois".
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O imigrante Germano Parolini
Imigrante italiano natural da região do Tirol, Germano Parolini foi casado com Emília Parolini, com quem teve duas filhas, Inês e Adele. Segundo registros de 1918, o comerciante possuía três sobrados "de material" na Av. Júlio de Castilhos, que acabaram sendo herdados pelos descendentes – a residência em questão foi, posteriormente, a moradia do neto Emílio Parolini Pezzi.
Na imagem abaixo vemos o casarão dos Parolini em meados da década de 1930, quando o térreo abrigava a casa de comércio da família. Na lateral, a placa com o nome dos proprietários: Viúva Mansueto Pezzi e Filhos.
Detalhe: na grade da sacada, em metal, também havia a inscrição do primeiro dono, Germano Parolini, infelizmente corrompida pelo tempo e não preservada (abaixo).
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Em alvenaria
Erguido nos primórdios do século 20, o sobrado de Germano Parolini teria sido uma das três primeiras casas de alvenaria da cidade, então dominada por moradias em madeira. Segundo Marcos Fernando Kirst, autor do livro Ecos do Passado, os tijolos saíram da primeira olaria instalada em Caxias, de propriedade do também imigrante italiano Felix Laner, em finais de 1882.
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