Em tempos de Festa da Uva, a centenária e tradicional Casa Magnabosco mais uma vez presta sua homenagem ao evento. Mas a charmosa vitrine projetada na Rua Sinimbu — e amplamente destacada desde a última semana — é apenas uma amostra da estreita relação da família com a celebração.
Todo esse vínculo remete ainda à primeira edição, em 1931, quando o casal Raymundo e Flora Magnabosco, juntamente com os filhos, testemunhava e celebrava a alegria comunitária marcada pela época da vindima. Desde então, a interação com a grande festa da cidade marcou a vida daqueles que habitaram, trabalharam e ainda trabalham na emblemática esquina das ruas Sinimbu e Dr. Montaury.
O próprio ofício da família de comerciantes e estilistas – preservado até hoje pela quarta geração –, de oferecer uma ampla gama de tecidos nobres, como sedas, veludos e rendas, compôs a indumentária de embaixatrizes, princesas e rainhas desde sempre.
Foi a partir das lembranças dos descendentes e da participação de três mulheres da família Magnabosco em diferentes edições que surgiu a ideia da vitrine, organizada pela direção da loja. Em um intervalo de 10 anos, duas netas de Raymundo e Flora foram escolhidas princesas da Festa: Silvana Magnabosco Moreira, em 1981, e Flora Julia Magnabosco (que ganhou o mesmo nome da avó), em 1991. Já em 1996, Patricia Pezzi Zambiazi, bisneta do casal de pioneiros, sagrou-se rainha (confira depoimentos abaixo).
São dessas três edições e do acervo das ex-soberanas os vestidos, faixas, coroas, objetos, fotos e registros jornalísticos expostos em uma das vitrines da Sinimbu, por onde mais uma vez passará o corso alegórico. Sim, além de servir como moradia da família, o majestoso prédio do Magnabosco, surgido em 1939, “testemunhou” todos os desfiles realizados pela Sinimbu desde 1958.
Uma relação de amor, proximidade e pertencimento tão emblemática quanto a própria Festa da Uva…
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Duas princesas, uma rainha
Ter sido princesa da Festa da Uva foi um marco na minha vida. Através dessa memorável experiência, aprendi a valorizar e admirar ainda mais, o trabalho e o esforço dos que vieram antes de nós. A Festa da Uva foi concebida para celebrar todas as conquistas de nosso povo. Através do tempo, além de homenagear os imigrantes italianos, todas as outras etnias que tanto contribuíram para o nosso desenvolvimento também foram lembradas e enaltecidas como participantes dessa grande vitória. Em cada edição, somos lembrados de tudo isso. Tenho muito orgulho de fazer parte da história da Festa da Uva e tenho muito orgulho de fazer parte desta família que tanto contribuiu para o desenvolvimento de Caxias. Silvana Magnabosco Moreira, princesa da Festa da Uva de 1981
O que me emociona é, em essência, o orgulho em ter sido princesa, animada por um profundo sentimento de amor à nossa terra e zelo pela nobre missão em ter representado a Festa da Uva. Sou filha da imigrante italiana Inês Tomé Magnabosco e do descendente Dirceu Homéro Magnabosco, que deixaram, por meio do espírito empreendedor de seus abnegados pais, um legado para a história da comunidade, contribuindo na pujança e desenvolvimento da cidade. Esta semente plantada, e que germina por gerações, continua nos inspirando a prosseguir e a celebrar os grandes feitos, pois poucas coisas são tão significativas na vida, quanto o orgulho de uma boa colheita! Que estes ideais que herdamos nos impulsionem a continuar festejando. Certamente, o destino nos surpreenderá! Flora Julia Magnabosco, princesa da Festa da Uva de 1991
Durante dois anos, tive a oportunidade de conviver com a comunidade e aprender que a honra de ser caxiense se tornou maior quando nasceu a responsabilidade de bem representá-la. Aprender também, acima de tudo, a respeitar nossas raízes e reverenciar nossos antepassados. Ao mesmo tempo, intensificar o meu grande orgulho de ser descendente de italianos, que foram fundamentais para o crescimento e desenvolvimento da nossa cidade. Participar de nossa festa é perpetuar esta história e continuar este legado de trabalho, amor, dedicação e determinação. Tenho comigo a honra de me tornar parte da história de Caxias levando no coração toda a colaboração e carinho que recebi. Patricia Pezzi Zambiazi, rainha da Festa da Uva de 1996
Raridades
Entre os objetos expostos na vitrine temática estão peças do jogo de louça do casamento de Flora Serafini e Raymundo Magnabosco, em 1919, com as iniciais FSM (Flora Serafini Magnabosco). Todas foram trazidas da Itália (detalhe abaixo).
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