Aberta na última sexta (22) e prevista para encerrar-se dia 10 de março, a Festa Nacional da Uva 2019 segue a tradição de contemplar três finais de semana e um total de 17 dias de programação. Mas nem sempre foi assim. Nas décadas de 1950 e 1960, o evento costumava avançar até o final de março, chegando a entrar em abril.
Foi o que aconteceu na edição de 1954, que, não por acaso, ganhou o apelido de "A Festa Interminável". Iniciada em 28 de fevereiro de 1954, tinha previsão de término um mês depois, em 28 de março. Porém, estendeu-se até o dia 18 de abril, somando 51 dias de programação, um recorde até hoje.
Todo esse sucesso veio alicerçado em várias frentes: além do novo pavilhão construído especialmente para o evento (o atual prédio da prefeitura), a edição teve a inauguração do Monumento ao Imigrante e a presença do presidente Getúlio Vargas. A partir daquele ano, a festa receberia ainda o nome de Feira Agroindustrial, embora as exposições de produtos coloniais e equipamentos industriais estivessem presentes desde as primeiras edições.
Outros destaques de 65 anos atrás foram a visita da Rainha da Vindima do Uruguai, Maria Angelica Scalabrin, e a escolha da Mais Bela Gaúcha. O baile movimentou o Clube Juvenil em 23 de fevereiro de 1954, quando Gladis Caruccio, representante de Pelotas, foi anunciada vencedora do certame pelo deputado Guido Mondin.
Pela primeira vez também, o corso alegórico na Avenida Júlio de Castilhos dividia o espaço entre os figurantes e o público, que não podia mais se misturar ao desfile – cordões de isolamento foram instalados entre a rua e a calçada. Foi ali, defronte à então Praça Rui Barbosa, que também foi montado o palanque presidencial, onde Getúlio conferiu a passagem do cortejo.
Nas imagens abaixo, de 28 de fevereiro de 1954, dois flagrantes do presidente com o quinteto de soberanas. A partir da esquerda estão as princesas Jacy Lucchese e Beatriz Corsetti, ao lado da rainha Maria Elisa Eberle. À direita, as outras duas princesas, Ruth Spinato e Lorita Sanvitto Andreazza. Ao fundo, o governador do Estado, Ernesto Dornelles, o prefeito Euclides Triches (de perfil, encoberto) e a primeira-dama, Neda Ungaretti Triches. À direita, ao lado da coluna, o empresário Claudio Eberle (irmão de Maria Elisa).
As fotos com Getúlio integram o acervo pessoal de dona Therezinha Spinato Bissaco, irmã da princesa Ruth Spinato.
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Escolha por cupons
Para evitar polêmicas como a da edição de 1950, em que foi eleita como rainha uma candidata de Bento Gonçalves (Teresa Morganti), o concurso de 1954 foi transformado novamente em local, o que acabou afastando o interesse das cidades vizinhas. Naquele ano, a rainha foi uma caxiense "da gema": Maria Elisa Eberle, filha do empresário Júlio João Eberle e neta de Abramo.
O concurso de escolha das soberanas, aliás, eliminou os jurados. A rainha foi eleita por votação popular. Mas, para votar, a comunidade precisava comprar cupons comercializados pelas rádios Caxias e Nordeste e pelo jornal A Época, o que acabou favorecendo as candidatas de maior poder aquisitivo. Maria Elisa foi eleita com 99.033 votos, após a última urna ser aberta pela junta escrutinadora na Bomboniére Paquetá.
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Mirante do Parque dos Macaquinhos em 1965
Parceria
Com informações do livro “Festa da Uva - A Alma de um Povo”, de Luiz Carlos Erbes, e Festas da Uva (1881-1965), de João Spadari Adami (reprodução abaixo).
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