Desde 1964, o trecho da Rua Visconde de Pelotas entre a Dall Canalle e a Os Dezoito do Forte tem um ponto de referência. E não apenas para os consumidores mais antigos. Basta mencionar Armazém Baldasso ou o nome de seu Angelo Baldasso que a memória afetiva e gastronômica é imediatamente acionada.
Não é para menos. As frutas, legumes e verduras expostas próximas à calçada, mescladas a produtos coloniais, pães, guloseimas e toda sorte de iguarias entregam: estamos diante de um daqueles clássicos armazéns onde o "de tudo um pouco" e a "compra a caderno" seduzem gerações de fregueses. E essa relação ganha comemoração extra neste final de semana, quando seu Angelo completa 90 anos (leia mais abaixo).
O pequeno mercado surgiu em 1963, já se destacando pelo mix de produtos e especialidades típicas, como a manteiga de colônia, o vitelo, o torresmo a quilo vendido em pacotinhos e a puína (ricota fresca) — muitos deles oriundos de Carlos Barbosa e da chácara da família, em Caravaggio da Terceira Légua.
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Atendimento pelo nome
Somado à qualidade dos produtos, o atendimento personalizado, na maioria das vezes pelo nome dos clientes, logo fez a fama do lugar — tanto que até hoje os Baldasso abastecem restaurantes, cafés e galeterias, além de fornecer produtos para almoços e jantares especiais.
A fidelidade espalha-se pelo Centro e redondezas, incluindo aí famílias como os Magnabosco, Conte, Mandelli, Corsetti, Gollo e Curtolo, moradores do Edifício Parque do Sol e alunos do Colégio São José, ambos a poucos metros dali.
— Pais que vinham aqui agora trazem seus filhos e netos, é um costume que foi passando — avalia Elisete Baldasso, filha caçula de seu Angelo e uma das responsáveis pelo atendimento, junto ao irmão Celso.
O "clima" familiar do armazém, que teve como linha de frente até 2010 a filha Heloísa, é um dos prováveis motivos de sua longevidade. Atualmente, Elisete também responde pelas compras e reposição. Já o irmão Agostinho cuida do abastecimento de frutas e verduras. Dona Anna, a mãe, cuida da "telefonia" e de tarefas mais leves. Em meio a tudo isso, seu Angelo não abandona a "lida". Limpa as verduras, separa os feijões — em uma engenhoca inventada por ele mesmo — e ensaca a famosa batatinha pirulito.
— Hoje já fiz 60 pacotes de dois quilos — diz, demonstrando o processo ao colunista, como vemos na sequência abaixo.
Impossível não virar freguês...
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A família
Nascido em 10 de novembro de 1928, na Linha São Paulo, interior de Carlos Barbosa, Angelo Baldasso é o caçula dos 16 filhos do casal Leonilda Mafassioli e Pedro Baldasso, um dos fundadores da Cooperativa Santa Clara, surgida em 1911 sob a denominação “Latteria Santa Chiara”.
Em 15 de fevereiro de 1952, aos 23 anos, o jovem casou-se com Anna Thereza Regla, nascendo dessa união os filhos Agostinho, Heloísa, Celso e Elisete _ que posteriormente lhes deram seis netos: Anderson, Daniel, Gelisa, Fábio, Tanise e Daiane.
Nas fotos desta página, alguns registros do álbum de família de seu Angelo, com destaque para a lendária caminhonete Chevrolet da família em frente ao armazém e a celebração dos 25 anos de casamento de seu Angelo e dona Anna, em 1977.
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Dose tripla
A celebração deste final de semana será tripla: além dos 90 anos de seu Angelo, a família comemora também o aniversário da filha Heloísa, nascida no mesmo dia do pai, em 1956, e a chegada da primeira bisneta, Laura, prevista para vir ao mundo em 22 de dezembro.
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