Mosele, Antunes, Riograndense, Formolo, Granja União, Luiz Michielon, Cooperativa Vinícola Garibaldi, todas fizeram história no setor vitivinícola da Serra e do Brasil no decorrer do século 20. E todas souberam propagandear sua imagem em milhares de brindes e souvenires, hoje verdadeiras peças de colecionador. Que o diga o comerciante de antiguidades Abrahão Franco, o Abba, 27 anos.
Na sala da casa do bairro Rio Branco, Abba não apenas "forra" as estantes com suas garrafinhas. Reconhece, um por um, os cerca de 500 exemplares de uma coleção de miniaturas iniciada "há muito tempo". Sim, desde a infância ele garimpa peças, muito por influência do pai, o também colecionador e comerciante de objetos antigos Renato Franco, 68. Talvez por isso imediatamente o jovem corrija algum distraído que não perceba as diferenças entre um e outro rótulo — como o colunista e o fotógrafo Diogo Sallaberry.
— Cada detalhe revela uma diferença, uma cor, um desenho, um formato de letra. Sempre algo muda, cada uma é uma. Isso é bem coisa de colecionador — explica Abba.
A coleção é completada ainda por centenas de chaveiros, copos, taças, abridores, saca rolhas, miniengradados e toda sorte de objetos que fazem referência ao setor vitivinícola, a refrigerantes e a fábricas de bebidas. Ah, o melhor de tudo, todo esse acervo não é estático. Abba garimpa, recebe doações e também negocia.
O espaço Abba Antiguidades fica na Rua Raimundo Tronchini, 402, bairro Rio Branco, próximo ao acesso ao Kaiser. Mais informações: (54) 99210.6423.
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Vimbão, um clássico
Entre tantas raridades da coleção de Abba, miniaturas da lendária Adega Nossa Senhora de Lourdes, de propriedade da família Formolo. Temos aí exemplares do clássico Vimbão, do vinho tinto Formolo, do Barbera, do Quinado e do Rosado Seco.
Localizada na Rua Sinimbu, 386, no bairro homônimo, a empresa foi fundada em 1942, mas sua trajetória remete aos primórdios da colonização italiana na Serra. Mais especificamente a 1878, quando chegou por aqui o imigrante José Formolo, responsável pelo plantio dos primeiros parreirais da família _ que dariam origem ao negócio comandado pelo filho Montrose Formolo e pelos sócios Argemiro e Euzebio Formolo, a partir da década de 1940.
Além dos citados acima, a empresa produzia ainda o Vermute Branco, o Vinho Velho (tipo Porto) e o Três Folhas, entre dezenas de outros (miniaturas da foto acima).
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A Adega Nossa Senhora de Lourdes foi uma das tantas empresas perfiladas no livro Caxias do Sul - A Metrópole do Vinho, lançado em 1957 pelo jornalista Duminiense Paranhos Antunes. Além de destacar a produção de 60 anos atrás, a reportagem trazia fotos das chamadas pipas-balseiros, com capacidade para 185 mil litros, e alguns dados relativos ao início da produção vitícola da família e seu reconhecimento público:
"Na exposição de 1916 era a família Formolo premiada com uma medalha de bronze, por ter oferecido a melhor uva branca".
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