Dois extremos da cidade ligados por uma iniciativa que buscou chamar a atenção para o patrimônio histórico-cultural e sua relação com uma futura rota turística cicloviária – e todas as demandas e benefícios que essa ideia traz. Foi o que ocorreu na tarde de sábado, quando o Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) – Núcleo Caxias do Sul e os integrantes do projeto Memória sobre Rodas promoveram a versão local do evento nacional "O Brasil abraça o seu Patrimônio Cultural".
O roteiro incluiu dois símbolos tombados pelo Município, ambos já bastante comprometidos em sua estrutura. Falamos da lendária Casa Finco, ao lado da Igreja do Santo Sepulcro, em Lourdes, e de parte do Lanifício Gianella, no bairro Santa Catarina.
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O encontro teve início defronte ao Santo Sepulcro e ao velho casarão contíguo, datado de 1908, onde ocorreu uma espécie de bate-papo informal entre participantes, arquitetos, historiadores, jornalistas e representantes da comunidade cultural. Na sequência, o grupo de ciclistas dirigiu-se ao bairro Santa Catarina, seguindo um roteiro pré-estabelecido pelo Memória sobre Rodas e devidamente orientado pela Fiscalização de Trânsito.
Primeiro, ao Museu Ambiência Casa de Pedra – o mais visitado de Caxias –, depois, ao mítico complexo têxtil fundado pelo imigrante italiano Matteo Gianella e a pela esposa Ermelinda Viero Gianella em 1915. A discussão, porém, não ficou restrita à preservação e ocupação dos espaços edificados.
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Mobilidade e rota turística cicloviária
Conforme a arquiteta Sílvia Nunes, presidente do IAB – Núcleo Caxias, a ideia é chamar a atenção para a infraestrutura de mobilidade do trajeto e a percepção urbana da Casa de Pedra e do lanifício como espaços vizinhos e de alto potencial:
– A ideia foi fazer os participantes perceberem as condições do trecho (que compreendeu as ruas Vinte de Setembro e Matteo Gianella). O ciclista está inserido no sistema viário, mas que condições existem para uma rota turística cicloviária entre esses pontos? – questiona Sílvia.
O passeio, segundo ela, também deu subsídios para o avanço do projeto Memória sobre Rodas.
– Buscamos desenvolver uma estrutura cicloviária associadas aos bens culturais da cidade – conclui.
Tombamento e preservação
O encontro também jogou luzes sobre o grande parque urbano do Lanifício Gianella e a riqueza ambiental em torno do Arroio Tega, escondida da maioria dos passantes.
– Serviu para equalizar as questões que envolvem o tombamento e os custos para os proprietários com a preservação – avalia Sílvia.
Um debate que também teve a participação do empresário Gabriel Gianella Mondadori, bisneto de Matteo Gianella e um dos entusiastas do lugar:
– Minha ideia seria um parque chamado Boulevard Gianella, com uma série de atrativos gastronômicos e culturais, museu, passeio em meio à mata e pontes sobre o Arroio Tega, somando-se tudo isso com a Casa de Pedra – projeta.