– É inútil recolher um acervo e simplesmente depositá-lo em algum lugar sem que as pessoas tenham acesso a ele.
O brilho nos olhos revela a dedicação de Celso Bordignon ao falar do mais novo projeto do Museu dos Capuchinhos (Muscap), do qual é diretor. Um trabalho minucioso que pretende restaurar mais de 100 álbuns de fotografia que registram, além da história da província do Rio Grande do Sul, o desenvolvimento das cidades pelas quais os freis passaram, como Caxias do Sul, Flores da Cunha, Ipê, Pelotas, Lagoa Vermelha, Marau, Nova Trento (SC) e algumas imagens em Portugal. Os registros datam do final do século 19 – os mais antigos são de 1890 – até meados do século 20.
A primeira etapa engloba 37 álbuns, selecionados devido ao estado de conservação. O diagnóstico é do fotógrafo e especialista em restauração gaúcho João Mendes Neto, que é quem coordenará a equipe.
No entanto, a execução do trabalho depende da captação de recursos que estão sendo buscados junto a apoiadores via renúncia fiscal do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN) e do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). Para a fase inicial são necessários R$ 59.805. Até agora já foram obtidos cerca de R$ 13 mil.
– A preservação é necessária para que as gerações futuras possam ter acesso à isso. O álbum fotográfico é peculiar porque, além de trazer a história das imagens, ele conta sobre as pessoas que o organizou. Precisamos conseguir recursos para que essa história não morra – salienta a museóloga Raquel Brambilla, coordenadora do Muscap.
Bordignon explica que, ao longo dos anos, os conventos e os seminários organizaram seus álbuns, onde eram guardados registros do trabalho dos freis e de momentos como inaugurações de bustos e missas solenes. Os registros mostram desde os primórdios do bairro Rio Branco, em Caxias do Sul, onde atualmente está localizada a Igreja Imaculada Conceição (dos Capuchinhos), até um álbum inteiro dedicado ao Cine Clube Poverello (foto ao lado), em que estudantes de teologia de Porto Alegre exibiam filmes em vilas populares de Porto Alegre, nos anos 1960. O nome Poverello (pobrezinho, em italiano) é uma referência ao título dado a São Francisco de Assis.
– É um acervo que não mostra apenas coisas específicas da congregação. Tem toda uma história de costumes, características arquitetônicas e de urbanização das cidades onde os freis se instalavam, o modo de vestir, as crianças, e isso é muito interessante – lembra Mendes Neto.
Durante o processo, cada álbum será desmontado e higienizado, já que alguns deles estão comprometidos com traças e muitos têm as folhas rasgadas e algumas fotos comprometidas. Em seguida, serão remontados e as imagens, digitalizadas. Posteriormente, o material será disponibilizado em uma plataforma na internet.
– A ideia é deixá-los com o aspecto original, porém bem conservados – explica o especialista.
Como ajudar
Interessados em contribuir com o projeto podem entrar em contato pelo telefone (54) 3220-9565.
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