O caxiense Edegar Tomazzoni cursou Engenharia Química na PUC, em Porto Alegre. Sua formação nesta área poderia muito bem conduzir opções para ingressar num mercado promissor, atuando numa conceituada organização têxtil, onde desenvolveria processos numa tinturaria de fios e tecidos para coleções inovadoras. Porém, sua inclinação foi além e valorizou a indústria da moda numa dimensão glamourosa. Conjugando um espírito empreendedor e sensível com o potencial têxtil de Caxias do Sul, inaugurou com desenvoltura o 1º Festival de Modas, em 1986, no Parque da Festa da Uva. Após dois certames exitosos, Tomazzoni sentiu o crescimento reinventou sua proposta direcionada ao segmento da malharia, idealizando a 1ª Fenamalha.
Numa das recentes visitas a Caxias do Sul, Tomazzoni, atual professor de Turismo na USP, falou com serenidade sobre sua história, que valorizou o universo das confecções, fábricas têxteis e malharias. Em especial, fez menções da 7ª Fenamalha, edição de 1994, marcada pela efervescência no contexto local e que repercutiu positivamente no país que engrenava no incipiente Plano Real, modelo econômico que visou a estabilização e o controle da inflação.
Da primeira edição, Tomazoni reconhece o apoio recebido do empresário Antonio Sehbe. O evento, instalado no Samuara Hotel, em 1988, confirmou uma promissora sequência. Antonio Sehbe, neto de Kalil Sehbe, imigrante libanês que fundou a maior empresa do vestuário na história de Caxias do Sul, compreendeu que o projeto de Tomazzoni tinha consistência.
O impacto da 2ª Fenamalha superou a exibição de produtores no Parque da Festa Uva. O trabalho de Tomazoni interagiu na promoção do turismo, propiciando a visita de empresários, jornalistas e lojistas. Os desfiles de modas agitaram as passarelas, exibindo coleções de malhas e jovens modelos. A rede hoteleira, os restaurantes e as agências de publicidade receberam bons reflexos desta promoção do ramo de malharias.
Na imagem acima, registrada em outubro de 1994, durante a edição da 7ª Fenamalha, percebe-se a entrevista coletiva com Edgar Tomazzoni (E), Cristina Franco, colunista de moda da Rede Globo e Ruy Sphor, estilista gaúcho. (Foto: Fernanda Davoglio, BD)
Mundo globalizado na moda
O mundo da moda não possui fronteiras. Os empresários caxienses, acostumados com o universo exportador e de permanentes viagens aos Estados Unidos e à Europa, aproveitaram as oportunidade da 7ª Fenamalha, então focada no Mercosul. Em 1994, lideranças do setor de malharia estavam atentos para a internacionalização dos negócios. Com um mundo globalizado, o empresário caxiense Aldenir Stumpf, presidente da Fitemasul, salientou que os expositores não mais concorrem entre si, mas visam estabelecer laços de parcerias no processo de criação, produção e troca de experiências.
Na imagem abaixo, constatam-se equipamentos de alta tecnologia para produzir tecidos em malha. Edegar Tomazzoni festejou a edição com a participação de 98 malharias, 30 empresas de fiação, 80 de confecções, 25 de tecelagens, 27 de fabricantes de máquinas, 15 de acessórios, quatro de aviamentos e cinco de equipamentos para lojas. Tempos inesquecíveis, onde o Parque da Festa da Uva era utilizado para promover a economia têxtil.
Inovação
O visionário Edegar Tomazzoni interagiu e promoveu o mundo da moda com profissionalismo, constituindo a Mérica Promoções, empresa que atuava com planejamento e extrema organização. A 7ª edição da Fenamalha certificou a maturidade do projeto. Na programação, destacaram-se o Painel da Moda-Tendências e Mercado. Entre os palestrantes, constavam nomes influentes, como o do estilista Ruy Sphor, de Carlos Simões, coordenador de curso de moda na Fundação Armando Álvares Penteado, de Márcia Lencioni, da revista Etiqueta, de Deisy Sadag, editora da DCI Shopping News, de Helena Montanarini, coordenadora da etiqueta Giorgio Armani no Brasil e da colunista Cristina Franco. O painel enalteceu esforços e lançou a participação do Curso de Tecnólogo de Moda e Estilo da UCS.