O general Flores da Cunha (5/8/1880-4/11/1959) é dono de uma das mais brilhantes biografias políticas na história do Brasil. Repleto de ações e atitudes que influenciaram os destinos do país, Flores da Cunha foi assediado por inúmeros jornalistas, historiadores e escritores. A atenção alheia dada à sua atividade pública era apenas uma sombra daquela que lhe perseguia sistematicamente na vida particular.
Personalidade dotada de inúmeras virtudes, evidenciou-se pelo seu cavalheirismo com as mulheres, bom gosto em apreciar charutos cubanos e uma prazerosa dedicação lúdica ao turfe, sendo agraciado por uma honraria no Hipódromo da Gávea, no Rio de Janeiro, em 1955.
No entanto, sensível com os burburinhos de comentários paralelos da imprensa, Flores da Cunha tinha consciência e retórica para contradizer e a não se submeter às versões irresponsáveis. Sobre este fato, o neto Flávio Biermenbach escreveu que o político assim se defendia: "Falam de mim pelas corridas de cavalos, mas silenciam quando jogo a vida. Meus bordados de general eu os conquistei na linha de fogo!".
Desde dezembro de 1935, Flores da Cunha denomina um município do Rio Grande do Sul.
O prefeito Heitor Curra foi quem mudou o nome de Nova Trento para o governador que demonstrou atenção especial com a promissora localidade originada pela colonização italiana. Na justificativa de mudança, Curra considerou que Flores da Cunha foi comprometido em instalar um telégrafo, um laboratório bromatológico e diversos auxílios à coletividade.
Além disso, Flores da Cunha permitiu a realização dos estudos para construção de um ramal ferroviário. As adversidades políticas com Getúlio Vargas impediram a concretização do projeto. Então, o governador Flores da Cunha rompeu com Vargas em 1937 e exilou-se no Uruguai.
A comunidade florense sempre se orgulhou do político que ostenta uma trajetória eloquente como revolucionário, delegado, intendente, governador, deputado federal, senador, advogado e exímio orador. O retrato de general está exposto no Museu Municipal Pedro Rossi, no Centro da cidade.
O livro
A Assembleia do Estado do Rio Grande do Sul, há 20 anos, desencadeou o Projeto Memória do Parlamento. E o político Flores da Cunha teve sua biografia escrita. Em dezembro de 1998, José Ivo Sartori (E) então presidente da Assembleia, apresentou a obra à municipalidade de Flores da Cunha, durante a gestão do prefeito Heleno Oliboni (D).
No prefácio, Sartori, que viria a ser eleito governador em 2014, destacou a gestão de Flores da Cunha no Estado ao enfrentar uma crise econômica forte, devido ao reflexos da queda Bolsa de Nova York,em 1929. Mesmo assim, o revolucionário procurou organizar a administração combalida, inovando com a constituição do Tribunal de Contas. Nas rodovias, idealizou o Departamento Autônomo de Estradas e Rodagens. Na área econômica, investiu no produção e criou a Secretaria da Indústria e Comércio. Ampliou a construção de escolas e constituiu a Secretaria de Educação e Cultura.
Busto do militar e político
José Antônio Flores da Cunha, nascido em Santana do Livramento, viveu o auge do período estancieiro. Nesse ambiente, onde a pecuária influenciava a economia gaúcha, fortaleceu sua forte personalidade e sua intensa nobreza junto aos adeptos do turfe.
Estudou Direito em São Paulo e concluiu o curso no Rio de Janeiro. Integrou a Revolução de 1930 com Getúlio Vargas. Curiosamente, viria a ser dissidente do modelo de Vargas e desafeto ideológico, sofrendo exílio e sendo preso. Em 4 de novembro de 2009, a governadora do Rio Grande do Sul Yeda Crusius inaugurou o busto do político na praça central do município de Flores da Cunha.