O sótão da residência do contabilista aposentado Ruben Festugato, 87 anos, é um daqueles locais meio mágicos, quase que inimagináveis em plena Av. Júlio de Castilhos, no centro de Caxias. É lá que repousa um acervo formado por 14.785 mil títulos, entre discos de vinil, CDs e fitas cassete, englobando os mais diversos estilos musicais.
Encobrindo boa parte das paredes dos dois cômodos, o acervo começou a ser moldado por volta de 1985, segundo ele, para ocupar o tempo livre – na época, Festugato já estava aposentado do trabalho na empresa Marcopolo.
As primeiras obras privilegiavam a música clássica, mas logo "Tuga", como é mais conhecido, foi abrindo o leque para outros estilos, como o jazz e o popular – o último CD adquirido, por exemplo, foi da dupla Kleiton & Kledir, o Clássicos do Sul, de 1999.
O acervo
Seu Festugato conta que comprou todos os CDs, discos e fitas que coleciona. Grande parte foi adquirida em viagens pelo mundo: enquanto a maioria dos colegas preocupava-se em comprar roupas ou outras lembranças dos passeios, o colecionador passava o tempo em lojas de música.
– Tenho estilos de música de 170 países. O CD mais distante veio do Japão – revela.
Uma visita à Igreja São Pelegrino nos anos 1950
Falando em origem, a coleção está disposta nas paredes do sótão por ordem de chegada. Cada CD, fita ou vinil tem um número para facilitar a localização. Em uma pasta, seu Festugato cataloga os materiais por ordem alfabética.
Ah, sim: em um acervo tão grandioso, não ter exemplares repetidos também é inevitável. Quando isso ocorre, ele tenta trocar entre os amigos. E como todo bom colecionador, seu Festugato até empresta os CDs, mas é necessário fazer uma anotação, quase como ocorre em retiradas de livros nas bibliotecas.
– Eu empresto, mas nem sempre devolvem – diz seu Festugato.
Clovis Boff, o senhor dos galos em Flores da Cunha
Música desde sempre
A música sempre esteve enraizada na personalidade de seu Festugato, segundo ele. Embora tenha tentado aprender a tocar piano no instrumento da irmã Renée, o colecionador conta que não foi abençoado com nenhum dom musical. A falta de técnica, porém, não foi empecilho para que ele formasse a sua própria coleção.
Apreciação
Diariamente, o colecionar retira algumas horas do dia para apreciar a vasta coletânea. Normalmente, o momento de relaxamento ocorre durante à tarde ou à noite.
Já as manhãs são reservadas para as visitas ao amigo David Andreazza e à Molduraria Caxiense, fundada pelo também amigo Hermínio Bassanesi, o Bassa (in memoriam).
Na foto abaixo vemos o jovem Festugato (à direita), Hermínio Bassanesi (ao centro) e amigos durante um animado baile de Carnaval no Recreio da Juventude em 1956 - com direito a muito lança-perfume.
Hermínio Bassanesi: uma vida atrelada às artes plásticas
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*Com a colaboração de Alana Fernandes.