O casarão de madeira que abrigou o antigo hotel da família Casara, na esquina da Av. Rio Branco com a Olavo Bilac e hoje sede de uma estofaria, é farto em histórias. Uma delas diz respeito ao estabelecimento erguido ao lado, quase que como uma extensão da velha hospedaria. Falamos da Barbearia Pinguim, outra sobrevivente que abriga parte das memórias do bairro.
O estabelecimento surgiu em Santo Ângelo no ano de 1958, pelas mãos do empreendedor Adelmo Hofmeister, então um jovem de 18 anos. Seu Adelmo começou a trabalhar cedo: aos 10 anos já auxiliava em uma fábrica de queijos. Aos 17, saiu do ramo de laticínios para atuar na barbearia do pai, Alfredo Hofmeister, onde permaneceria por apenas seis meses, antes de iniciar o próprio negócio.
Confira outras colunas da seção
A mudança para a Serra deu-se por influência da esposa Albina, com quem seu Adelmo casou também em 1958. A matriarca da família já havia morado em Caxias quando mais jovem e mantinha grande apreço pela cidade, recorda a filha Denise Andreia Hofmeister, completando que em Santo Ângelo nasceram quatro dos oito filhos do casal: Renato, Rosane, Rosângela e Reinaldo.
Bastante católica, Albina chegou até a fazer uma promessa para que tudo desse certo na mudança: se a família conseguisse se estabelecer em Caxias, ela e o esposo teriam mais quatro filhos. Promessa que acabou se concretizando anos mais tarde com o nascimento de Junior André, Denise, Fernanda e Renata.
Hotel Avenida, um clássico da Avenida Rio Branco
A família Hofmeister chegou a Caxias em julho de 1969. Na mesma semana, seu Adelmo instalava o negócio em uma sala na Av. Rio Branco, onde hoje localiza-se o estacionamento da Padaria Rio Branco. Foi no início da década de 1990, porém, que o estabelecimento mudou-se para o outro lado da rua, após a antiga sala ser demolida.
O casal Adelmo Hofmeister e Albina Terezinha Hofmeister durante o casamento em 1958. (Foto: acervo da família/ divulgação)
Abordagem na rua
Sem conhecer quase ninguém quando chegou a Caxias, o barbeiro abordava os clientes na rua e oferecia os serviços de graça. A tática deu certo: logo seu Adelmo atendia sozinho a cerca de 50 clientes por dia, muitos deles os "vizinhos" soldados do antigo 3º Grupo de Canhões Automáticos Antiaéreos 40mm - atual 3º GAAAé.
Adelmo na década de 1980, ainda no antigo endereço da barbearia, onde hoje é o estacionamento da Padaria Rio Branco. (Foto: acervo da família/ divulgação)
Vinhos Raposa, um clássico da Mosele
O nome
O nome do empreendimento foi sugerido por um amigo que resolveu presenteá-lo com o letreiro da barbearia. No entanto, o mimo só seria entregue se Adelmo batizasse o negócio de Barbearia Pinguim. Dito e feito. O animal "domina" boa parte do ambiente: está no letreiro interno (espelho), em uma pintura na parede externa e em um cavalete na calçada.
Pintura na parede externa homenageia o símbolo da barbearia. (Foto Roni Rigon/ Agência RBS)
Cavalete colocado na calçada apresenta aos clientes os tipos de corte da barbearia: masculino, feminino e "padrão Militar". (Foto: Roni Rigon/ Agência RBS)
Renato Hofmeister, filho mais velho de seu Adelmo, toca a barbearia atualmente. Na foto, Renato segura duas máquinas manuais de cortar cabelo usadas pelo pai. (Foto: Roni Rigon/ Agência RBS)
Uma das preocupações de seu Adelmo era que os filhos seguissem a mesma profissão do pai. Por isso, ensinou o ofício aos três herdeiros homens. Entretanto, apenas Reinaldo e Renato seguiram os ensinamentos do pai. Atualmente, é Renato (foto acima) quem toca os trabalhos do negócio do pai.
Seu Adelmo seguiu na barbearia até em 2009, quando precisou afastar-se por problemas de saúde. Ele faleceu em 2012, mas a tradição continua...
*Colaborou Alana Fernandes.