Não sei dizer ao certo quando foi a primeira vez que senti um cochicho na borda do ouvido, o qual me dizia para fazer (ou não) algo que eu estava em dúvida há dias. Foi como uma voz que vinha de fora mas que parecia daqui de dentro. Não era minha, mas de alguma forma sentia que deveria ser. Desde então, tem vezes que eu simplesmente sei a resposta para algumas perguntas que a vida entrega, e assim tenho certeza de que optei pelo melhor. De fato, o escutar-se tornou imprescindível.
Chame de voz interior, sussurro de Deus, intuição ou como quiser. Foram inúmeras as vezes em que simplesmente senti que deveria ou não deveria, que poderia ou não poderia, que viria ou não viria… E em todas as que ignorei, aprendi a lição de diferentes formas. Recentemente, meu pai até brincou comigo e disse que eu deveria parar de acreditar que todas as coisas eram como sinais que eu recebia. Não consegui. Insisti na tal da intuição e fiz o que achava melhor, e neste caso nem posso dizer se foi o certo ou não. Prefiro acreditar que sim.
A psicologia diz que a intuição funciona como uma forma de conhecimento inconsciente. É como se algum canto da gente soubesse o que é o melhor para nós, já que as experiências anteriores nos moldaram até aqui. Se for isso mesmo, sorte a nossa – de mim e daqueles que permitem o autoconhecimento reverberar dentro de si.
Em meados de 1800, o filósofo Jaime Balmes já dizia que “uma das características do gênio é a intuição: ver sem esforço o que os outros somente descobririam com grande trabalho”. E tem vezes que só precisamos disso mesmo: deixar fluir a sensibilidade capaz de provar que a tal voz que vem de dentro tem poder o suficiente para nos guiar pelos melhores caminhos.
Não falo de religião ou qualquer misticismo. Para mim, a intuição é só mais uma parte da gente que pode ser desenvolvida e ampliada, mas nunca negada. Ela oferece atalhos para caminhos longos e talvez duvidosos. Por isso mesmo, quando aperta o peito é mais fácil entender que somos nós mesmos tentando avisar aquela nossa parte relutante: escutar-se é sempre a melhor opção.