Como o Sol se alinha a Netuno, em Peixes, lanço luzes sobre um dos mais geniais piscianos da história do Brasil: o poeta baiano Castro Alves (1847 – 1871). Sobre ele, o crítico Agripino Grieco afirmou: "Não foi um homem, foi uma convulsão da natureza". Em apenas 24 anos de vida, Castro Alves fez da poesia um potente farol de consciência social em prol da justiça e da liberdade. Para além das pautas líricas do movimento romântico de seu tempo, ele foi um humanista maior, a denunciar, com seu verbo afiado e engajado, o horror da escravidão e a lutar pela abolição, pela república e pela democracia. Ancorado na compaixão que move os piscianos, ele mesmo escreveu: "Para chorar as dores pequenas, Deus criou a afeição; para chorar a humanidade — a poesia".
No mapa astrológico do poeta, havia uma grande ênfase planetária na área ligada à autotranscendência, indicando um natural arrebatamento pelas causas maiores, de âmbito social. A Lua, em Aquário, estava no ponto culminante do mapa, o chamado Meio do Céu. Isso sugere uma afinidade com temas libertários e progressistas, elevados a uma postura pública. É uma configuração de popularidade, confirmada pelo magnetismo do poeta e pelo efeito impactante de suas apresentações em saraus e recitais, fossem nos grêmios estudantis, nos salões aristocráticos, nas tabernas ou em teatros lotados. Ciente de seu fascínio, o belo moço não fazia por menos: pintava os lábios, empoava o rosto e caprichava na entonação da voz, extraindo a máxima teatralidade de sua imagem e oratória. As plateias vinham abaixo, ovacionando-o.
Ninguém ficava indiferente a versos cortantes que ilustravam os fétidos porões dos navios negreiros e a escuridão das senzalas. Mais ainda: seu verbo denunciava a contradição de uma cultura que elogiava o progresso e a civilização enquanto praticava a violência de subjugar outros humanos. O poeta questionava até a suposta ordem divina no mundo: "Senhor Deus dos desgraçados! / Dizei-me vós, Senhor Deus! / Se é loucura... se é verdade / Tanto horror perante os céus..." A contundência da poesia mais engajada de Castro Alves — num contexto em que a normalização da escravidão gerava um constrangedor silêncio sobre o assunto — cedo o destacou entre os pares. Não foi por nada o seu dia de nascimento, 14 de março, ser considerado o Dia Nacional da Poesia.
Outro distintivo na obra de Castro Alves foi sua abordagem do amor, tema básico no romantismo. Ele não cantou preferencialmente o amor idealizado em voga, mas sim o amor carnal e realista. O signo ascendente em Touro em seu mapa já indicava essa abordagem sensorial e imediata da vida, como nos versos: "Teu seio é vaga dourada / Ao tíbio clarão da lua, / Que, ao murmúrio das volúpias, / Arqueja, palpita nua". O planeta regente de Touro, Vênus, em conjunção com o libertário Urano sugeria transgressões no amor. Sua mais intensa paixão foi pela atriz portuguesa Eugênia Câmara, dez anos mais velha que ele, que tinha apenas 16 quando dela se enamorou. Viveram e viajaram juntos sem estarem casados, chocando os conservadores.
O poeta morreu em Salvador, vitimado pela tuberculose. Não viveu para ver sua sonhada abolição da escravatura nem o regime republicano. Mas nunca deixou de inspirar e despertar outros humanos sensíveis à justiça social, como o também baiano Jorge Amado, que lançou em 1941 o biográfico ABC de Castro Alves.
E agora, nos 175 anos do poeta, é alentador constatar que a poesia, como os sonhos, também tem o poder de mudar o mundo.