Como será o amanhã? De tão comum, a pergunta já até virou samba. E agora que o calendário ocidental anuncia um novo dígito, é natural pensar no que nos espera em 2025 — mais ainda porque ritualizamos a mudança de ano em celebrações mundanas e espirituais. Então o céu vira um oráculo certo, com seu eterno referencial de ordem, em bem marcados ciclos de tempo. Porém, como em todo oráculo, a linguagem da astrologia é simbólica e possui muitos níveis de interpretação e possibilidades de manifestação.
Por essa complexidade, não dá para saber com exatidão como determinado quadro celeste se traduzirá adiante em termos de eventos terrestres. Mas, antes de sua dimensão preditiva, a astrologia é uma arte a serviço da consciência, seja por revelar as potencialidades que se apresentam em dado momento ou por fornecer um contexto de ciclos e processos. E o primeiro indicador da qualidade dos ciclos coletivos é o movimento dos planetas lentos, de Júpiter a Plutão.
Em 2025, todos os planetas lentos estarão mudando de signo, a exemplo de Plutão, que já entrou em Aquário em 2024. Vejamos: no fim de março, Netuno ingressa em Áries, para onde também vai Saturno em maio; em junho, Júpiter adentra Câncer, e Urano chega a Gêmeos em julho. Tudo isso acentua, claro, um clima geral de novas perspectivas em todos os aspectos.
No entanto, haverá também um retorno, por retrogradação, de Saturno e Netuno a Peixes, e de Urano a Touro. Ou seja, 2025 anunciará, qual um trailer, importantes rumos que só vão se definir melhor em 2026, quando os astros citados ingressarem de vez nos novos signos.
Esse quadro de certa instabilidade traz a 2025 um tom de transição. Assim, tensões e conflitos podem precipitar novos arranjos em múltiplas instâncias. Dos signos envolvidos, onde vão girar os astros lentos, Áries, Gêmeos e Aquário possuem natureza yang — quer dizer: criadora, afirmativa e voluntariosa. Daí que a energia resultante terá um foco ativo e decisivo, capaz de abrir caminhos com muita ênfase.
Como são signos de mesma polaridade, masculina, indicam forças que podem se aglutinar por afinidades. Mas em qual direção? Dominação ou colaboração? O céu apenas sinaliza, não determina. O que fazer com isso depende de escolhas humanas. Pode ser um tempo de definição de novas lideranças (tema de Áries) a partir dos anseios coletivos (signos de ar).
Falando em Áries — o primeiro signo, o impulso para novos começos —, é ali que se dará o encontro entre Saturno e Netuno, a grande conjunção do ano. Trata-se de uma configuração complexa, envolvendo princípios bem distintos. Saturno limita, estrutura, firma; Netuno funde, dissolve, relativiza. Eis uma oposição entre realidade e imaginação. Ou uma síntese entre a forma e a compaixão. Optemos pelo melhor desse encontro arquetípico.
O alinhamento anterior entre Saturno e Netuno ocorreu entre 1989 e 1990, quando a queda do muro de Berlim precipitou outras dissoluções de alcance global. Naquela conjunção, Urano também estava envolvido, o que intensificou o potencial de quebra radical. Desta vez, Urano faz uma troca mais harmoniosa, assim como Plutão, quem sabe possibilitando maior participação coletiva e um tom progressista na escolha de direções a seguir.
O mês de junho de 2025 pode ser o que mais exponha questões críticas que ainda se desdobrarão no ano seguinte. Júpiter, ao entrar em Câncer dia 9, já tensionará a conjunção entre Saturno e Netuno. Justiça e leis, temas jupiterianos, podem ser a alavanca de impactantes ajustes a serem feitos.
Seja como for, no Brasil, ninguém precisa de astrologia para saber que 2025 será fundamental no traçado do projeto que o país quer seguir a partir de 2026, ano eleitoral. Uma das nações mais desiguais do mundo, o Brasil também carrega o mito de país do futuro. Delírio ou modelo possível? Que tragam os testes Saturno e Netuno.