Vanessa Stefani, 41 anos, de Bento Gonçalves, já entrou para a história do concurso Enólogo do Ano, da Associação Brasileira de Enologia (ABE). Ela é a primeira mulher a receber a distinção em 19 anos de premiação. Desde que o prêmio foi criado, em 2004, apenas homens haviam recebido o título.
Enóloga da vinícola Geisse, de Pinto Bandeira, Vanessa é formada pelo Instituto Federal do Rio Grande do Sul, onde atualmente cursa mestrado em Viticultura e Enologia. O reconhecimento a faz lembrar do início da carreira, ainda como estagiária na Bacardi Martini do Brasil, em Garibaldi, e depois na Perini. Na Geisse, já são 16 anos.
— Minha família não tem trajetória neste setor. Meus pais não têm história no cultivo de uva nem na produção de vinhos. Eu pensava em fazer Moda ou Arquitetura e cheguei a prestar vestibular para Direito, mas fiquei sabendo do curso de Enologia e resolvi tentar — conta.
A tentativa deu certo e ela se encontrou na profissão. Chegou a cursar Moda depois de já graduada em Enologia, mas percebeu que era mais um hobby. Gostava mesmo era de trabalhar com vinhos, apesar da rotina que, às vezes, dificulta conciliar trabalho com outras atividades, como a maternidade, por exemplo.
— Na minha turma, em 2001, tinha mais mulheres do que homens, mas muitas desistiram ou passaram a atuar em outras áreas das vinícolas. O problema é o período de safra, quando se trabalha direto — destaca a profissional, mãe de Franco, sete anos.
Esse é o primeiro prêmio que Vanessa recebe.
— As mulheres ainda são minoria neste universo e acabam ficando sempre nos bastidores. Esse prêmio passa pela aprovação de várias pessoas e isso me enche de orgulho. Me sinto privilegiada — comemora a enóloga, que é diretora cultural da ABE.
O prêmio foi entregue na sexta-feira (20), em Bento Gonçalves. A ABE tem 333 enólogos associados em todo o país. Desses, 70 são mulheres, ou seja, 21%.