O fim do ano passado e o início deste foram um divisor de águas na jornada profissional e na vida pessoal de Sandra Cavalheiro Dall'Onder. Primeiro, por ter retornado à terrinha natal e ao convívio mais próximo da família, das amizades e de ter instaurado sua bandeira Brasil-Itália (que pode ser conferida pelo @dallondersandra). Depois, pelo orgulho de ter aplaudido o feito do filho Pedro Henrique, formado em Psicologia, no dia 13 de janeiro. Caxiense raiz, a filha de Glacir Dall’Onder (in memoriam) e Vera Cavalheiro Dall’Onder é graduada em Jornalismo e teve uma infância de aventuras lúdicas com amigos que faziam de sua casa um QG. Dona de uma trajetória inspirada por personagens libertários, a tradutora e intérprete pública destaca, hoje, sua admiração pelo ativista indiano Mahatma Ghandi e Ann Cotton, filantropa galesa e reconhecida por seus serviços à educação de mulheres jovens na África.
— Voltar aos tempos de infância é como abrir um baú de tesouros, em que éramos uma turma de 'bambini' exploradores. Época em que a imaginação ganhava asas e a curiosidade reinava — relembra Sandra, mãe de Pedro Henrique Dall’Onder Martins, 26 anos; e de Manô Dall’Onder Martins, 22 — Minha vida é uma montanha-russa de emoções, sem dúvida, acompanhar o tenor Luciano Pavarotti, em 1998, representou uma sinfonia de notas intensas — complementa a viajante que foi intérprete do artista durante sua turnê por terras brasileiras.
Entre seus hábitos, a leitura de jornais brasileiros e italianos é inegociável. Enquanto fora do ambiente laboral, Sandra se entrega à paixão pela literatura, séries e filmes, equilibrando com atividade física.
— Cada dia é um novo capítulo. Acompanhar as notícias no Brasil e na Itália é meu café matinal para a mente, uma tradição que não abro mão — conta ela que com 32 anos de atuação na área da cidadania italiana e assessoria documental, e que após uma temporada profissional entre Porto Alegre e Florianópolis, voltou às origens com a missão de atender a demanda na região — Muitas vezes as famílias não têm as informações, então o trabalho de garimpo é complexo. Tenho um grupo de genealogistas que faz uma minuciosa pesquisa — observa enquanto revela outros feitos — Traduzi uma coletânea importante que reporta hábitos e costumes da nossa imigração, “Cultura Italiana - 130 anos”, publicado pela Editora Nova Prova, em 2005. Também conduzi a versão brasileira das obras “Trentatré giorni - As Patologias da Travessia Atlântica dos Imigrantes Italianos” e “O Norte da Itália - Economia, Agricultura e Sociedade”, ambas pela Est Edições — menciona ao passo que compartilha a influência de Elena Ferrante em sua vida literária.
A professora de italiano, com mestrado em Didática e Promoção da Língua e Cultura Italianas, encontrou nas experiências acadêmicas a base para sua atuação. Ela expõe os desafios pelos descendentes de italianos em busca da cidadania, destacando a morosidade nos processos no Brasil e a importância do judiciário para acelerar a identificação. Seu mestrado na Universidade Ca'Foscari influenciou positivamente a abordagem profissional, proporcionando um entendimento mais amplo do assunto.
— Importante ressaltar que o Cônsul-Geral da Itália em Porto Alegre, Valério Caruso, ultrapassa as expectativas. Nota-se uma dedicação ímpar às questões relativas ao direito à cidadania e a emissão de passaportes, uma vez que em torno de 4,5 milhões de gaúchos são elegíveis ao processo — relata.
Além da convivência com Luciano Pavarotti (1935 - 2007), Sandra colaborou com diversas outras personalidade , desde sociólogos como Domenico De Masi (1938 - 2023) até figuras importantes na operação Mãos Limpas na Itália, como o ex-juiz da Suprema Corte Gherardo Colombo, o ex-primeiro-ministro Massimo d'Alema, ex-magistrado do Ministério Público Antonio Di Pietro Luigi Ferrajoli. Seus obstáculos linguísticos concentram-se em manuais técnicos, exigindo constante atualização e familiaridade com terminologias específicas.
— A cultura italiana é uma bússola direta em meu trabalho, reflete as raízes e influencia cada tradução. Visando o futuro, busco continuar os estudos e entregar experiências enriquecedoras para meus assessorados — finaliza.
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Versão brasileira
- Brasil vs Itália: meus dois países amados;
- Meu lugar no mundo… viajando por ele;
- Viver é… experimentar emoções. A vida não é linear, é uma caixinha de surpresas;
- Passaporte para a… Itália, sempre;
- Sonho realizado… formação na Universidade Ca’Foscari di Venezia;
- Minha família… tudo para mim. Todas as minhas conquistas são também deles e para eles.
- Minha palavra favorita do italiano é… attraversiamo, que se traduz na expressão “vamos atravessar”, e do português é… saudade.