Essência que vem da natureza!
Hoje é dia para apresentar Mariana Mugnol, arquiteta e urbanista, filha de Juscelino Mugnol (in memoriam) e Neusa Favero Mugnol, que nos conta sobre suas origens, uma vez que foi criada na área rural, por isso aprecia a conexão com a natureza e imprime esse estilo de vida em seu cotidiano pessoal e profissional. Mariana tem duas irmãs, a jornalista Babiana Mugnol, e sua gêmea, a fashion designer Matíula Mugnol. É na relação com as manas que ela nos conta aprender diariamente e nunca sentir-se só. Elas são seus principais pontos de apoio. Iniciou a faculdade de Arquitetura e Urbanismo em 2012, e formou-se no início de 2019, na UCS. Credita que expressiva parte de sua criatividade provém das diferentes experiências sinestésicas que vivencia. Sempre atuou na área, em lugares como a Prefeitura de Farroupilha, em escritórios de arquitetura e, hoje, conquistou autonomia profissional o que considera um grande marco na carreira. Entre seus planos para o futuro pretende alçar voos internacionais, pois acredita que agregará muito em suas referências para exercer uma arquitetura ainda mais voltada ao afeto e a sustentabilidade.
Qual a melhor lembrança de sua casa de infância? A conexão da casa com a natureza, um grande pátio aberto para brincadeiras ao ar livre.
Casa boa precisa ter... gente vivendo e desfrutando dos seus espaços.
Onde busca inspirações? Em viagens e em perfis e sites de arquitetos que admiro.
Qual o mais importante arquiteto e sua grande obra? Antoni Gaudí, responsável por projetar a Sagrada Família em Barcelona, na Espanha.
Qual a passagem mais marcante da tua biografia e que título teria se fosse publicada? Foi o caminho do autoconhecimento que resolvi percorrer, junto com uma viagem que fiz sozinha para Portugal e Espanha. O título seria: “As vezes algumas situações vão te causar medo, mas vá com medo mesmo”. Acredito que esse é o segredo do viver, enfrentarmos os medos e nos desafiarmos, principalmente nos momentos que nos sentimos inseguros. É com eles que iremos verdadeiramente aprender e crescer.
Quais conselhos daria para quem quer ingressar nessa profissão? Coragem e adaptação às questões que podem surgir de surpresa, além de ser um bom curioso e ouvinte. As partes gráfica e projetual da profissão são aperfeiçoadas na universidade, mas no dia a dia são estas outras características que fazem total diferença na profissão.
Qual sua primeira produção como arquiteta profissional? A minha primeira produção foi um projeto de arquitetura de interiores para um apartamento na praia.
Como vislumbra a cena de arquitetura contemporânea no Brasil? Acredito que hoje os arquitetos são capazes, com toda a informação que é possível buscar, de mesclar alguns estilos e trazer uma arquitetura cada vez mais individualizada.
Como a arquitetura e a arte impactam a sua vida? Muito positivamente. Acredito que o olhar que desenvolvemos sendo arquitetos nos faz enxergar a arte em praticamente tudo. É um eterno apaixonar-se.
Que sugestão daria para os leitores que pensam em aproveitar esse momento de recesso social para mudar a decoração da casa? Programação financeira e tempo são determinantes para repaginar a casa. Um projeto, por mais simples que possa parecer, demanda tempo e minúcia e, por isso, é preciso organização.
Acredita em casa ideal? É aquela que nos acolhe e nos faz sentir-se bem. Ter móveis confortáveis em um ambiente que possua nossas memórias e gostos. Aquele lugar que o outro entra e pensa: “tem personalidade”! Um verdadeiro refúgio.
Lugar preferido em casa? Sala de estar que tenha conexão externa com varanda.
Qual a sensação de fazer casa para os outros? É muito gratificante poder ser a ponte e fazer parte de um momento tão especial para as pessoas, poder traduzir no projeto uma ideia de uma família.
Qual obra de arte gostaria de ganhar ou comprar? Seria alguma escultura do João Bez Batti ou do Leo Mathias, ambos gaúchos aqui da Serra.
Quais são as principais inspirações dos seus projetos? Me inspiro muito nos arquitetos, que desenvolvem projetos cheios de personalidade, e também no conceito hygge da arquitetura escandinava, que preza pela atmosfera dos lares, com aconchego, espaços acolhedores e minimalistas.
Um ambiente equilibrado é aquele... que utiliza da expertise de um arquiteto para ponderar o gosto do cliente com o ideal funcional e estético.
O que não pode faltar em uma casa e em um escritório? Janelas que permitam o ambiente construído aproximar-se do ambiente externo e natural.
Um projeto dos sonhos? Uma casa sustentável do início ao fim. Causando menos desperdício de material, reaproveitando a água da chuva, hidráulica com técnicas de baixo impacto ambiental, energia solar, entre outras estratégias.
Qual a importância do design como fator de identidade de um povo, de uma cidade? Acredito que o design é a forma que um povo se comunica visualmente e, por isso, vemos diferentes técnicas e possibilidades quando acessamos outra cultura ou época. Tem muito a ver com a geografia, tempo e cultura.
Como se caracteriza o trabalho que desenvolve? Existem elementos que definem a tua assinatura? Costumo afirmar que desenvolvo projetos sensíveis e singulares, nos quais busco acolhimento e menos excessos. Um ambiente bonito e confortável nem sempre precisa de elementos em demasia, para torná-lo esteticamente agradável. Por isso sempre opto por cores neutras como base e vou acrescentando elementos pontuais para deixá-lo com mais personalidade.
Qual foi o projeto de maior desafio? E o que te trouxe maior satisfação ao concluir? Os mais desafiadores normalmente são reformas, em que temos que adaptar um projeto existente, transformá-lo. A maior satisfação foi uma residência na praia construída em Light Steel Frame.
Onde busca equilíbrio e harmonia, seja no ambiente profissional ou pessoal? Na natureza, gosto de me conectar com ela, mexer na terra, isso diz muito da minha essência. Além disso, gosto de observar bastante, seja um projeto de um colega ou, até mesmo, as ruas, em um passeio pela cidade.
Livro de cabeceira: Comunicação não Violenta, de Marshall B. Rosenberg.
Filme para assistir inúmeras vezes: O Show de Truman, dirigido pelo australiano Peter Weir.
Quais músicas não saem da sua playlist? Gimme! Gimme! Gimme!, do ABBA; Holiday, da Madonna; e Alphaville, da banda Big In Japan.
Se pudesse voltar à vida na pele de outra pessoa, quem seria? Definitivamente seria alguma cientista mulher, que fez diferença na história da humanidade, como Marie Curie, física e química que conduziu pesquisas pioneiras sobre radioatividade, além de ser a primeira ganhadora do Prêmio Nobel.
Um objeto de desejo: Pacha Lounge Chair, de Pierre Paulin.
Uma palavra-chave: autoconhecimento.
Uma mensagem aos leitores: é possível, sim, mudarmos! Mas, para isso, precisamos começar por nós, observando o nosso interior. Só assim conseguiremos aos poucos, transformar o ambiente e o mundo em que vivemos.