As formas e as cores de Bianca!
Bianca Magnani Mattana Agustini, arquiteta expoente do setor, revela suas inspirações e fala sobre tendências contemporâneas, ícones de outras épocas e suas obras. Filha de Bruno Avelino Mattana e Stela Magnani, ela comanda o escritório Bianca Mattana Studio D’Architecture, com foco em ambientes modernos com toques clássicos. Nascida em Caxias do Sul sob a égide do signo de Touro, Bianca é casada com Anderson Agustini e é mãe de Martina e Miguel Mattana Agustini.
Qual a melhor lembrança de sua casa de infância? Os jantares em nossa cozinha. Como bons descendentes da cultura italiana, reunir amigos ao redor da mesa sempre foi um grande prazer da família.
Qual a passagem mais marcante da tua biografia e que título teria se fosse publicada? Foram duas passagens, os nascimentos de meus filhos. Não existe momento de maior emoção e amor. Acredito o título seria Nasci para te amar!
Qual sua primeira produção como arquiteta profissional? Meus pais foram minhas cobaias. O primeiro projeto foi a ampliação da área de lazer na nossa casa de praia.
Como a arquitetura e a arte impactam a sua vida? Elas estão presentes na de todos nós, já parou para pensar que tudo em nossa volta é arquitetura? Todos os espaços em que transitamos foram pensados por alguém tanto com olhar funcional quanto com olhar do belo. Elas impactam no nosso jeito de viver 24h por dia. A cidade é uma arquitetura, tudo precisa ser pensado para que aconteça no momento certo. Uma cidade com espaços públicos de qualidade promove qualidade de vida, é importante termos áreas verdes, de respiro, dentro do que hoje, se configura como uma selva de concreto.
Como se caracteriza o trabalho que desenvolve? Existem elementos que definem a tua assinatura? Meu trabalho é baseado na forma de viver do meu cliente, o que o deixa sendo único. Sempre coloco minha assinatura neles, as boiseries e lâminas de madeira natural nunca deixam de estar presentes. Meu estilo é uma mescla de contemporaneidade com o toque clássico.
Qual a sensação de fazer casa para os outros? É emocionante! Acho tão gratificante saber que a pessoa confia tanto no meu trabalho a ponto de colocar seu sonho de vida em minhas mãos e isto é um dos maiores motivos de amar tanto o que faço.
Seu trabalho ganhou destaque, recentemente, quando o projeto “Casa Sorrentino” foi escolhido para ilustrar a revista Casa Vogue e o Book Kaza. Quais foram seus maiores desafios nessa construção? O primeiro grande desafio foi projetar uma residência com todo seu conforto térmico e acústico em uma cidade na qual não dominava o clima. Depois mesclar o estilo clássico, solicitado pelo Victor com o estilo contemporâneo, o preferido da Kamila, deixando em perfeita harmonia. Ela é natural de Caxias do Sul e, fez questão que grande parte da dos fornecedores fossem daqui, para isso o planejamento de execução foi crucial.
Como vislumbra a cena de arquitetura contemporânea no Brasil? O brasileiro valoriza e consome muito o feito aqui. Hoje, a arquitetura permeia em todas as classes e tem grandes nomes como Oscar Niemeyer e Ruy Ohtake, que foram os pioneiros no país, deixando um legado perpétuo seguido pelos arquitetos do mundo no Século XXI. A pureza nas formas, o minimalismo, a busca pela integração do aberto e fechado, são pontos importantes na arquitetura. O conforto e a funcionalidade, aliados com a estética, configuram a cena da contemporânea no Brasil.
O que não pode faltar em uma casa e em um escritório? Iluminação e ventilação. De preferência natural.
Qual foi o projeto de maior desafio? Sem dúvida o maior desafio foi a reforma da minha casa. Meu marido e eu temos estilos completamente diferentes, chegar ao equilíbrio foi bem difícil.
E o que te trouxe maior satisfação ao concluir? Não consigo pensar em uma obra que me trouxesse maior satisfação. Sempre que entrego um projeto estou entregando uma parte de mim, todos são muito especiais.
Quais conselhos daria para quem deseja ingressar nessa profissão? Ter paixão e estar sempre atento em tudo o que acontece ao seu redor, pois arquitetura é a soma de suas experiências.
Lugar preferido em casa? Meu quarto. Acredito que este deva ser o refúgio de todos nós. Investi na iluminação, o que me ajuda quando quero relaxar, ler um livro ou mesmo trabalhar. Amo a paleta de cores dele, principalmente da cama. Nossa cabeceira é azul marinho e estou sempre montando a cama com cores diferente, para evitar a monotonia. Esta semana minha colcha é cor marsala.
Acredita em casa ideal? Como é a sua? Acho que cada casa é única. A minha, sabe o ditado: casa de ferreiro espeto de pau? Esta é a minha casa. Uma bagunça! Tenho dois filhos pequenos, que agora, só ficando em casa, estão cheios de energia e, vivemos em eterna obra. Sempre mudando alguma coisa.
Qual obra de arte gostaria de ganhar ou comprar? Tenho observado muito a Fernanda Naman. Estou apaixonada pelo trabalho dela, uma fotógrafa e artista plástica que tem um olhar super delicado e arrojado ao mesmo tempo. Ela explora em seus quadros o desfoque dos objetos. Já têm umas duas obras da série Four Elements que estou de olho.
Qual foi o último achado para sua casa? Sou colecionadora de xícaras, acabei de adquirir duas peças inglesas no antiquário. Estou apaixonada.
Um objeto de desejo: o balanço Capadócia, desenhado pelo Roque Frizzo, para a Saccaro.
Que sugestão daria para os leitores que pensam em aproveitar esse momento de recesso social para mudar a decoração? Procure deixar a sua casa bem no seu estilo. Nossa casa tem que ser um refúgio aconchegante. Meu conselho neste momento é: não tente ter uma casa de revista, mas sim uma que traduza quem você é.
Qual o mais importante arquiteto do mundo e sua grande obra? Sou fascinada pelas obras da arquiteta ítalo-brasileira Lina Bo Bardi, que modificou o cenário do setor no Brasil, a Casa de Vidro, que ela projetou para ser sua residência em meio a natureza de São Paulo, é uma das minhas obras favoritas. Ela é erguida sob pilotis, tem sua frente toda envidraçada e foi projetada para trazer ao seu interior a natureza externa. Elementos que sempre que possível evidencio em meus projetos.
Qual a importância da arquitetura como fator de identidade de um povo, de uma cidade? Ela é a representação de sentimento do seu criador, representa a forma de viver, a forma de pensar, a cultura e os valores. Dai vem a sua importância.
Casa boa precisa ter... a cara de quem vive!
Um ambiente equilibrado é aquele... onde as pessoas não querem sair. Aquele que vira um refúgio.
Um projeto dos sonhos? A casa dos meus filhos. Fico imaginando como será o jeito deles viverem, suas cozinhas, um pátio grande e bem projetado. Pelos perfis acredito que a casa do Miguel será um estilo mais nórdico, aconchegante, voltado para o conforto. Já, a casa da Martina, imagino como uma galeria de arte, bem arrojada e com muitos objetos de design.
Livro de cabeceira: a Bíblia. “..Direi do Senhor: Ele é o meu Deus, o meu refúgio, a minha fortaleza, e nele confiarei...”, Salmo 91.
Filme para assistir inúmeras vezes: não sou muito de ver filmes mas, o seriado Friends assisto em modo looping.
Se pudesse voltar à vida na pele de outra pessoa, quem seria? Não consigo me imaginar sendo ninguém diferente de mim. Sou grata por tudo o que tenho.
Uma palavra-chave: fé.
Uma mensagem aos leitores: viva o hoje, não deixe para amanhã. No cenário que nos encontramos, o presente é mais importante que o futuro.
Qual a primeira coisa que vai fazer depois que a pandemia acabar? Quero tanto fazer um evento e reunir todos que amo! Ficar perto das pessoas é o que mais me dá energia.