A resiliência como valor perpétuo!
O médico Jorge Alberto Menegasso Vieira, filho de Werther Vieira e Bernardete Menegasso Vieira, celebra a infância que teve rodeado pela família e pelos amigos. Formado pela Universidade de Caxias do Sul, nosso entrevistado é especialista em Clínica Médica e em Nefrologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Caxiense, Jorge relembra com entusiasmo da época em que frequentou o Colégio La Salle Carmo e agora deseja inspirar as novas gerações a seguir sua vocação com determinação, empatia e conhecimento.
O que é o bom da vida? A produção de experiências que formam nossa personalidade e nossa percepção de mundo. O contato com demais seres humanos que nos acrescentam vivências, conhecimentos que aprimoram o nosso ser. Agregar pessoas em nossas rotinas. Viver cercado de familiares e amigos.
Ao lado de quem gostaria de ter sentado na época da escola? Considero-me muito privilegiado por ter compartilhado a escola com meu grande amigo Nélson Gularte Ramos Neto, dono de uma mente brilhante.
Traço marcante de sua personalidade? Agregador e responsável.
Com que mensagem encara o mundo? Otimismo, com a crença de que sempre há alternativas para resolução dos problemas, que todos os caminhos possuem justificativas, motivos para ocorrerem.
Frase máxima? “Quem acredita sempre alcança”.
O que considera essencial para sobreviver? A constante busca por meu aprimoramento humano e científico alinhado a presença dos meus familiares e amigos.
O que mais respeita no ser humano? A valorização do discernimento, a resiliência e a empatia.
Qual a passagem mais importante da tua biografia e que título teria se fosse uma obra? A minha formação no La Salle Carmo. A participação dos professores, dos meus grandes amigos e a constante presença dos meus pais dentro da escola foram fundamentais no meu desenvolvimento. O título que coloquei no anuário de conclusão do ensino médio: “Vim, vi, venci, agora quero mais.”
Se tivesse vindo ao mundo com uma bula, o que conteria nela? Melhor desempenho quando inserido em uma grande equipe.
Quais têm sido os grandes desafios da medicina nos dias atuais? A organização da informação científica. A facilidade no acesso a conteúdo científicos, o que é louvável, gerou riscos de interpretação de conteúdos sem uma devida análise técnica. O cenário da pandemia evidenciou uma cascata de informações oriundas das mais diversas ferramentas, com inúmeras tomadas de decisão a partir delas, muitas vezes sem uma orientação referenciada da qualidade do conteúdo.
Qual foi sua motivação para seguir na Medicina? Na infância, apresentei uma demanda de saúde que me fez necessitar de cuidados médicos no Hospital São Lucas da PUC/RS. Longa jornada de tratamento e acompanhamento, vencidos pela participação ímpar de familiares, amigos e profissionais de saúde de extrema capacidade. Sem dúvida a forma como fui atendido pelos meus médicos, a empatia, a qualidade técnica que apresentaram a mim, me fez sempre desejar realizar o mesmo.
Por que escolheu a Medicina Interna e a Nefrologia para se especializar? Sempre acreditei na necessidade da organização da promoção de saúde e cuidado integrado dos pacientes. O papel do clínico, mostra-se como fundamental para avaliar o paciente como um todo, não apenas em demandas isoladas. A formação em Medicina Interna e a Nefrologia me permitiram compreender os pacientes em todas suas necessidades.
Quais são os maiores avanços no segmento? No cenário hospitalar, a chamada Hemodiálise Contínua se apresenta como uma importante ferramenta nos tratamentos de pacientes em cenário de terapia intensiva. Essa tecnologia permite a customização dos eletrólitos e volemia dos pacientes com maior segurança. Durante minha formação na Nefrologia da PUC/RS e em diversos outros cenários de capacitação pude utilizar essa ferramenta em pacientes na UTI e a experiência é extremamente produtiva e inovadora. Na pandemia do COVID, mostrou-se muito importante para casos graves em terapia intensiva. Outros avanços visíveis são na oferta de terapias imunossupressoras para doenças auto-imunes como o Lupus, glomerulopatias. O transplante renal também vem se desenvolvendo progressivamente com inúmeras pesquisas quanto a formação de rins artificiais.
De que forma considera que o mundo será impactado pós-pandemia da Covid-19? Espero que a valorização da manutenção de hábitos saudáveis de vida e higiene sejam valorizados. A pandemia escancarou a importância de medidas como atividade física regular, manutenção do peso, controle de pressão arterial, controle de diabetes, organização e promoção de saúde.
A pandemia do novo coronavírus trouxe diversas mudanças para o cenário político e científico, como diferenciar o que é ciência e o que é “achismo”? Focando cada vez mais nas informações oriundas de artigos científicos e livros que se baseiam em critérios de fundamentação da evidência. Cada vez mais espero visualizar um cenário de opiniões, seja em qualquer área, baseada em informação técnica. Nós, enquanto população e formadores de opinião, precisamos estimular e cobrar que as decisões sejam tomadas por critérios técnicos.
Como concilia a vida profissional e pessoal? Como encontrar o equilíbrio? Nos últimos anos tem sido uma tarefa difícil em função do volume de trabalho da residência médica e agora no início da inserção profissional em Caxias aliado a participação no Mestrado. Procuro ao máximo separar os momentos de lazer, de convívio familiar e amigos com as atividades profissionais, mas confesso que não tem sido uma tarefa fácil.
Um conselho para quem deseja ingressar na profissão? O grande médico é aquele que realmente desejou estar lá. Meu conselho é de que se você quer ser Médico, não pode desistir. O mundo precisa de pessoas que se esforçam por objetivos, por metas.
O que te inspira? O olhar de gratidão dos meus pacientes, a certeza de dormir sabendo que tentei fazer o meu melhor confortando meus pacientes em todas suas fases. Compreender todos nossos limites. Poder aplicar na prática o que me foi ensinado quanto a importância do humanismo e da ciência. Poder levar a educação dos meus pais adiante.
Um projeto para o futuro? Formar equipes multidisciplinares para atendimento continuado em saúde onde os pacientes sintam-se acolhidos em toda sua caminhada de vida, com orientação e acompanhamento. Vislumbro agregar valor na nefrologia no cenário das terapias contínuas e fortalecer a nossa especialidade. Além disso, impulsionar o serviço de transplante renal que oportuniza uma grande alegria aos pacientes que estão em diálise crônica.
Que valores carrega como profissional da saúde e qual não pode faltar para quem quer seguir na área da saúde? A valorização do humanismo, do vínculo, da empatia e do senso de pertencimento das trajetórias dos nossos pacientes. Apresentamos um papel de impacto na vida das pessoas que passam por nós e desejo que essa experiência seja de lembranças positivas e de valorização do cuidado com o próximo.
O que aprendeu com seus avós e pais que até hoje leva consigo? A importância da comunicação, da valorização do ser humano e da família. Meus avós João Alberto Berthier Vieira, o Betinho (in memoriam) e Marizabel Vieira de Vieira, a Belinha (in memoriam), ao lado dos meus pais Werther Vieira e Bernardete Menegasso Vieira sempre se mostraram inseridos na vida de todos ao seu redor. Sempre se mostrando dispostos a oferecer suas mãos, sua atenção e seu carinho. A partir disso, criaram uma família e um grupo de amigos que fomentaram suas jornadas terrenas com muito amor e carinho. Mostraram que precisamos valorizar os seres humanos e crescer com suas experiências compartilhadas.
Reflexão de cabeceira? “Meu anjo da guarda, meu fiel amigo, de noite e de dia está sempre comigo, a boa mãe do céu proteja meu repouso.”