Para anotações afetivas sobre o pai, Viviane Maria Pinto Bado tem à disposição quase 500 canetas da coleção de Valter Antônio Gomes Pinto (in memoriam). Esta é apenas uma das facetas de colecionador do empresário que foi um dos mais queridos diretores da Marcopolo e é lembrado pelo intenso esforço para que a empresa fosse reconhecida mundialmente, além de ser o festejado gentleman membro da organização da Festa da Uva entre as edições do evento de 1998 e 2014. A memória desta figura ímpar na economia e sociedade caxiense serão revividas com o lançamento do livro e exposição “Seu Valter – Humanidade & Sucesso”, que ocupará a Galeria Municipal de Arte Gerd Bornheim, da Casa de Cultura Percy Vargas de Abreu e Lima, ainda sem data definida. Para a empreitada, Viviane e a mãe, Therezinha Lourdes Comerlato Pinto, que farão as honras durante a abertura da mostra, revisitaram os armários da família.
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- Organizar isso tudo foi difícil, pois vinham muitas memórias, muitas emoções. Mas ao reunir pessoas com quem o pai havia realizado um trabalho ou que ainda iria realizar projetos foram fluindo e agora está sendo leve. Ouvir depoimentos tão bonitos foi uma choradeira. Tem tanta história linda - diz Viviane.
As homenagens para Seu Valter, falecido há seis anos, provocaram uma corrente de lembranças e histórias afetivas. Coisas de uma vida escrita em muitos feitos. Afinal, o cotidiano do grande homem era de gestos prosaicos, como fazer coleções de CDs, máquinas fotográficas, gravatas, chapéus e as centenas de canetas às quais a coluna teve acesso com exclusividade. São muitas e de diferentes estilos. Reúnem peças de marcas famosas como Mont Blanc, Parker, Pelikan e Waterman, dentre outras. Ele gostava de receber e presentear familiares e amigos com estas variedades de objetos.
- Todo mundo esperava a gravata que ganharia dele no fim do ano. E ele guardava tudo também, chaveiros, botons, bloquinhos de anotações, marcava tudo com post-its. Uma vez dei uma Bic com um adesivo de coração colado na ponta. Ele adorou a ‘MonBic’. No fim, todas as peças são significativas - relata Viviane, com emoção.
Douradas, prateadas, em formatos e com arabescos e motivos diversos, as canetas sinalizam um homem detalhista, atento às minúcias, gentil e cordato.
- Ele tinha cuidados, era preocupado com tudo. Quando viajava, voltava com uma mala carregada de presentes para todos. Sempre queria saber se as pessoas estavam bem, se faltava algo - lembra a filha.
Na exposição, as histórias de Seu Valter serão lembradas em fotografias de Javier “Paquito” Herrera e Julio Soares, entre outros, e aquarelas de Antonio Giacomin. Também há registros testemunhais e visuais no livro. A curadoria é de Véra Stedile Zattera. Tudo foi feito de forma profissional, mas perpassada pelo afeto de quem soube fazer da gentileza e amizade um legado.
- Embora reservado, meu pai era uma pessoa sempre atenta ao outro, a esposa, a filha, ao genro, Luciano Moisés Bado e aos netos, Vicenzo Antônio Pinto Bado e Gianluca Pinto Bado. Dava conselhos, queria saber se estava tudo bem. Era um colecionador de carinhos - conta Viviane com saudade.