Arthur De Antoni Perini nunca esqueceu a vez em que preparou um macarrão instantâneo pela primeira vez. Não tinha aquele temperinho em pó, que acompanha a embalagem de lámen. Havia presunto e queijo picados, e todo o tempero especial de quem, no futuro, iria acabar virando um chef. Ou, ao menos, que começaria a trilhar a carreira do pai, Vicente Perini Filho, no Q Restaurante, recentemente aberto em Caxias. Aos 19 anos, ele engata na cozinha, uma de suas paixões, também com o apoio da mãe, a psicóloga Simone De Antoni Perini.
— Já errei bastante na cozinha — brinca o jovem, que agora começa a afinar as duas atividades para as quais estudou: graduou-se em gastronomia no ICIF/UCS e agora cursa Administração, também na UCS.
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Foi em uma viagem ao Exterior, quando passou seis meses na Califórnia, em 2018, que Arthur se viu diante das panelas e do fogão, cozinhando para amigos. Com o apoio da família, sem se sentir pressionado a seguir a carreira do pai, a opção pela gastronomia foi tomando forma. Mas, claro, o tempero e o modo de fazer estavam bem perto.
— Sempre percebi o empenho do meu pai em cada detalhe do restaurante e ele me ensinou que não existe dinheiro fácil. Ficava observando o jeito dele trabalhar. Aprendi a preparar risotos com ele, que sabe fazer comida boa como ninguém — elogia Arthur.
O aprendizado familiar — do métier do pai, tanto no antigo Quinta Estação, quanto agora, no Q, e o convívio com a mãe — têm sido a principal escola do jovem chef, que tem um jeito bem simples de se apresentar:
— Sou cozinheiro. Chef é alguém que tem larga carreira, tem dez, quinze anos de cozinha — diz ele, que planeja aprender mais sobre a gastronomia espanhola, peruana e mexicana.
Arthur é bem básico na hora de escolher o que gosta: arroz, feijão e — por que não? — caviar. E também tem alguns lemas que já dão ideia do profissional meticuloso que se anuncia: "Não existe comida ruim, existe comida mal feita".
É desse jeito que ele vai se inserindo e temperando sua vida adulta. Gosta de estar rodeado de amigos, é daqueles líderes natos da turma, e tem um olhar já amadurecido sobre as coisas do seu país:
— No Brasil, existe uma certa visão de que cada um faz o que quer e passa despercebido, o tal jeitinho brasileiro. Para cobrarmos um governo honesto, temos que ser honestos. Não sei quando vamos entrar nos eixos. A polarização é complicada. Meu desejo é que todo mundo tenha oportunidades.
Ele também acredita que sua geração tem muitas responsabilidades. A questão da sustentabilidade é uma dessas bandeiras que o mobiliza. Também pensa que o preconceito seguirá mais um tempo, mas a empatia deverá prevalecer:
— Alguns tabus estão sendo quebrados aos poucos.
Festeiro e baladeiro, gosta de rap, rock, pagode, funk... Esportista que vai do muay thai ao vôlei e às corridas. Não está em nenhum relacionamento sério e diz que, no momento, não precisa disso. Sua alegria é ver as outras pessoas bem. E se um dia o pegarem olhando para uma pedra gigante, quase sem respirar, saibam que está reverenciando a vida:
— Diante da natureza a gente se vê tão pequeno — filosofa, na temperança de seu tempo de afirmação diante do mundo.
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