Eles nasceram entre máquinas de costura, malhas e tramas e foram incorporando o universo da moda em suas vidas. Eduardo Anselmi é de Farroupilha. Já Ruberlei Zanatta, de Caxias. Os sobrenomes enunciam também duas grifes referenciais do setor de malharia neste lugar chamado Serra gaúcha. Nas empresas que atuam, afirmam seu gosto e pensamento sobre a vida cotidiana e o mundo. Confira:
Eduardo Anselmi
Eduardo Anselmi diz que desde que se conhece por gente vive entre malhas e a moda. A mãe, Maria de Lourdes, era costureira e ele brincava com retalhos de tecidos. Desde então, a malharia virou o negócio dos Anselmi, em Farroupilha.
– Fui criado entre o maquinário, sempre fui uma criança extremamente cuidadosa. Imagino isso como um legado – reflete ele, 41 anos, expert em programação de máquinas, que se apresenta como um cogestor da empresa, mas que também já pensou em ser um aventureiro da National Geographic.
Para o empresário, a sofisticação está aliada à autenticidade e sustentabilidade.
– Estamos numa era de consumo de produtos de baixa qualidade. Precisamos afirmar a preocupação com o sustentável. Queremos ser conhecidos pelas pessoas como uma empresa diferente – pondera Eduardo, pontuando um valor da marca Anselmi: – Desejamos nos sentir melhores como ser humanos.
Eduardo diz que é visto como “muito crítico” dentro da empresa. Para desopilar, acampa nos Aparados e na Serra catarinense, onde também anda de bicicleta.
– Meu Deus é a natureza. Sou um sonhador, penso no que fazer para que daqui a 20, 30 anos, eu tenha novas perspectivas para o mundo – conta ele, que é casado com Daiane e pai da Iolanda.
Bom gosto: menos é mais
Satisfação é: ser autêntico
Mau gosto: sair como um outdoor ambulante
Ruberlei Zanatta
Ruberlei Zanatta lida com máquinas e peças de malha desde pequeno, quando os pais Umbelino Zanatta e Lory Pierina Zanatta mantinham um pequeno negócio no porão da casa. Aos 15 anos, já estava ajudando. E agora, aos 45, comanda a produção de mais de 40 mil peças ao ano. Os números desafiam o “diretor geral e faz tudo” da Malharia Zanatta, em Caxias, mas a emoção também o move.
– Brinquei muito no meio das máquinas, jogava bola entre elas. Não me lembro de pensar em outra coisa.
A Zanatta faz moda para homens, o que exige atenção específica sobre o vestir masculino. Por isso, ele recorre ao aprendizado familiar.
– Quando viajava com meu pai para Milão parávamos para tomar um café e ficávamos observando as pessoas na rua, vendo a moda. Me tornei muito observador, consigo captar as coisas pelo visual, buscando a novidade, o bom gosto.
Ruberlei e a Zanatta encontraram seu espaço criando coleções refinadas, com detalhes e preocupações sustentáveis.
– Nos preocupamos com elegância, refinamento e o olhar artesanal para o processo de produção. Isso é o futuro – acredita ele, que é casado com Andréia e pai do Guilherme e da Bárbara.
Uma peça curinga: malha decote v liso, tom sóbrio, 100% algodão
Elegância é: gentileza, educação e naturalidade
Um nome da moda: Ermenegildo Zegna
Leia também
Viver e morrer no "Matão": Heranças da escravidão em uma comunidade quilombola na Serra
"Diminuir a vulnerabilidade das comunidades quilombolas é foco da atuação" diz presidente da Fundação Cultural Palmares
Caxiense Henrique Zattera precisa de votos para tocar no festival We Can Survive, nos Estados Unidos