Gilmar Marcílio
Há algo de preocupante acontecendo no universo infantil. Não é uma opinião pessoal, mas a constatação de profissionais da área médica e da saúde mental. Algumas questões se evidenciam quando observamos com atenção o que ocorre com elas. Em primeiro lugar, estão lhes sonegando o direito de se frustrarem. Isso pode parecer, num primeiro momento, um ato cauteloso dos pais. Porém, tem se revelado altamente nefasto na formação do seu caráter. Colocar numa estufa emocional os filhos está longe de significar proteção. Antes, torna-os vulneráveis diante de qualquer situação adversa na idade adulta. Expor-se significa criar anticorpos para superar dramas futuros. Impor limites e permitir a aprendizagem através da instauração da consciência do certo e do errado é altamente educacional. Ensinar não se restringe a passear por um parque de diversões. Em várias ocasiões sua resistência precisará ser testada. E a capacidade de gerir bem os conflitos depende muito da internalização de códigos de sobrevivência advindos da força adquirida ao longo da existência. Envolver um ser humano em algodão é reduzir seu repertório adaptativo. Diante da adversidade ele se sentirá acuado, sem ter onde se acudir.
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