O Mirante está ouvindo as entidades representativas da cidade para buscar suas avaliações sobre o primeiro mandato do prefeito Adiló Didomenico e as expectativas para o próximo governo. A quarta entrevistada da coluna é a presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de Caxias do Sul (Sindiserv), Silvana Piroli.
— (O prefeito) Até ouviu (os servidores), mas não levaram em conta a nossa opinião — comentou Silvana.
A presidente do Sindiserv salientou que a reforma da previdência não foi boa para os servidores, prejudicando quem já estava aposentado e quem ainda está ativo, além de tornar a profissão menos atrativa.
Outro ponto citado pela presidente é que a próxima gestão precisa realizar as adequações na Lei 409/2012, que criou diferentes salários para funções já existentes. Logo, quem já exercia o cargo antes da vigência da lei, passou a ter perdas em benefícios, como a aposentadoria.
Silvana ainda comentou que é preciso que o governo diminua o número de terceirizados. Confira a entrevista completa abaixo. (Com Renata Oliveira Silva)
O PRIMEIRO GOVERNO
Silvana Piroli: "Nós tínhamos um espaço importante para conversar, para dialogar, mas nós tivemos aplicação, por exemplo, da reforma da Previdência, que foi muito ruim para os servidores. Nós reconhecemos que tem problemas dos fundos próprios da Previdência, pela forma como eles foram se constituindo ao longo do tempo. Mas a conta, depois da reforma da Previdência, passou exclusivamente para os aposentados, principalmente para os servidores da ativa, porque tiveram a progressividade. Então, foi um tema que significou para os servidores uma redução salarial. E uma série de apontamentos que nós fazíamos durante esse debate da reforma, mostraram que nós tínhamos razão, no sentido de que era preciso tomar outras medidas, como um fundo garantidor e outras ações que fossem mais benéficas para o fundo (de aposentadoria e pensão do servidor) e que também refletissem em menos prejuízos para os salários dos trabalhadores. Vai fazer com que, com o tempo, o serviço público não seja mais um espaço atraente para uma série de profissões. O governo levou pouco em conta a opinião dos servidores e em momentos difíceis, os servidores sempre tiveram presentes para ajudar."
PRINCIPAIS DESAFIOS
"Eu espero que eles nos ouçam e levem em consideração as nossas demandas. Uma delas é resolver o problema da (Lei) 409. Resolver o problema da 409 significa a gente poder resolver o problema dos salários médicos, dos secretários de escola e de uma série de outros profissionais. O valor hora. Trabalho igual, salário igual. Mesmo valor hora para todos os que devem ter a mesma função. Depois disso, nós vamos poder discutir um plano de carreira e outras coisas que são importantes. Na administração privada, tem acordo coletivo de trabalho, tem negociação coletiva. Quando o trabalho é igual, o salário é igual, e aqui no setor público não tem nada disso. Então, a gente quer ter negociação coletiva de trabalho. Essa é a nossa perspectiva a curto prazo."
OUTRAS PRIORIDADES
"Além da 409 e a negociação coletiva, tem a questão do fim das terceirizações. Por quê? Porque as terceirizações enfraquecem o nosso fundo de pensão e acabam tendo problemas na aposentadoria de novo. Se você tem funcionário que paga o FAPS (Fundo de Aposentadoria e Pensão dos Servidores), você pode então melhorar a captação de recurso para o fundo. Agora, se você paga o terceirizado, você paga o INSS e aí contribui para o regime geral, mas não ajuda a fortalecer o fundo de previdência. E a prefeitura tem um número grande de terceirizados. A gente acha que muitos desses setores, que são serviços continuados, deveriam ser feitos por servidores públicos concursados. Então, as prioridades seriam a questão da 409, a negociação coletiva, a redução das terceirizações, além do reajuste salarial."
PRÓXIMOS 4 ANOS
"Eu espero que ele ouça e leve em conta a opinião do sindicato e a opinião dos servidores. Porque isso é muito importante. Acho que esse é um momento em que, em muitas coisas, a gente vai aprendendo com o passar do tempo, e uma delas é que é muito importante ouvir. Isso vai fazer com que o governo se relacione melhor com o sindicato e com os servidores. E também os servidores possam fazer uma melhor entrega para a população. E só ouvir não basta. É ouvir e levar em conta o que se coloca."