O julgamento do Tribunal Regional Eleitoral do RS que decidiu, na tarde desta terça-feira, por unanimidade, pela cassação do deputado federal caxiense Mauricio Marcon (Podemos) foi um torpedo que retumbou no ambiente político estadual e fortemente no ambiente caxiense. A ação transcorreu em segredo de Justiça. Os desembargadores do TRE identificaram fraude do partido em apresentar uma candidata laranja para a cota de gênero das candidaturas à Câmara Federal. Ao proclamar a decisão, o presidente do tribunal, desembargador Voltaire de Lima Moraes, sentenciou: “Decretar a anulação de todos os votos nominais e de legenda do Podemos. Determinar ainda a cassação de diplomas expedidos. Fica proclamado o resultado.”
Marcon, o único eleito pelo partido para a Câmara dos Deputados, foi abatido pela decisão do TRE porque o partido ficou sem os votos. Ao mesmo tempo, Marcon é integrante do partido, e também responde pelo teor da decisão. O TRE acolheu parcialmente a tese da ação e não tornou o deputado caxiense inelegível. Além disso, Marcon pode recorrer ao TSE e segue deputado.
O torpedo da cassação de Marcon repercute inevitavelmente em Caxias do Sul e atinge centralmente o cenário eleitoral. É uma avaria severa para o Podemos e a frente de direita que o partido integra, junto com o PL, o Progressistas e o Novo, bem como para a aliança à prefeitura. A imagem do Podemos é atingida em cheio, o que arranha o partido, reconhecido por um discurso de ênfase à ética e à moralidade no trato com os temas políticos e da administração pública.
O efeito político repercute e chega ao cenário eleitoral que está posto para a prefeitura de Caxias do Sul. Não se consegue dimensionar, logicamente, o tamanho desse efeito, o que somente será verificado pelo voto. Os partidos de direita alinhados em torno da pré-candidatura de Maurício Scalco (PL) e Gladis Frizzo (PP) à prefeitura têm sua representatividade política no cenário eleitoral caxiense, e ela não é pequena. Marcon, por exemplo, fez em Caxias 52.135 dos 140.634 votos que o elegeram para a Câmara dos Deputados. Mas o episódio, é claro, será levado à campanha e aos debates legislativos. Além disso, há o julgamento pelo TSE no horizonte.