O protagonismo do MDB com candidatura própria à prefeitura de Caxias do Sul pautou conversa do vereador Felipe Gremelmaier, o vice-governador Gabriel Souza e o presidente estadual do partido e prefeito de Rio Grande, Fábio Branco. Os emedebistas reuniram-se na tarde desta quinta-feira (28) em Tramandaí, cidade natal de Gabriel, no Litoral Norte. O grupo tratou do cenário político caxiense para as eleições municipais de 2024, com foco em garantir protagonismo do MDB, isto é, com candidatura própria. No final de outubro, no encontro Mobiliza 15 realizado em Caxias do Sul, e no início de dezembro, no Congresso Estadual do partido, na Assembleia, o ex-prefeito e ex-governador José Ivo Sartori foi convocado por lideranças estaduais e locais a concorrer a prefeito. Até agora, no entanto, ele não anunciou decisão.
Nesta quinta-feira, o presidente do MDB caxiense, deputado estadual Carlos Búrigo, reafirmou que o partido terá candidatura própria à prefeitura de Caxias. O protagonismo do partido é palavra de ordem da direção estadual para as eleições municipais, ainda mais em uma cidade com a importância de Caxias do Sul, e é impensável que o MDB, para garantir esse protagonismo, não tenha candidato próprio.
A reunião em Tramandaí fortalece o nome de Felipe como opção do partido para disputar a eleição à prefeitura caso Sartori não diga "sim" à convocação das lideranças emedebistas — e essa é a tendência. Aliás, sempre foi a tendência, pois Sartori foi prefeito duas vezes e governador, uma etapa já percorrida. Assim, o nome de Felipe se encaminha para ser apresentado pelo MDB para a eleição majoritária, o que destrava o cenário eleitoral, e a reunião em Tramandaí será decisiva para esse desfecho. Faltará Sartori abdicar formalmente da convocação do partido.
Com essa definição a caminho, o cenário eleitoral caxiense começa a ganhar, em seu último movimento de 2023, um protagonista de relevância a mais e avança na sua composição, o que produzirá consequências em relação ao posicionamento de outras peças. Havia três nomes colocados. Começa a surgir um quarto protagonista. Já para o MDB, uma definição agora, sem tardar mais, trará benefício imediato e direto, uma liberdade maior de articulação, com pretensões colocadas, para buscar parcerias. O PSB, como é tradição nas eleições recentes, é a principal delas.
Autoestima do partido
A articulação de um nome do MDB para a eleição majoritária será importante para a autoestima do partido, que vive um momento sensível, com defecções recentes. A próxima deve ser a vereadora Gladis Frizzo, uma liderança comunitária, com perda de cadeira na Câmara se sair rumo ao PP na janela partidária, em março. Recentemente, o partido perdeu nomes como os dos ex-vereadores Edson da Rosa, secretário da Educação e atualmente no Republicanos, e Paulo Périco. E nomes como o ex-vice-prefeito Antonio Feldmann, que até chegou a sair do partido e voltou, e o ex-vereador e ex-deputado federal Mauro Pereira perderam parte do protagonismo depois que deixaram seus cargos.
As lideranças "de casa"
De um emedebista com trajetória dentro do partido e cargos públicos importantes, sobre a recepção de novos filiados vindos de outras siglas.
— O MDB de Caxias faz festa para receber filiados de outros partidos, mas se esquece de valorizar lideranças que já tem dentro da própria casa.
O MDB recebeu em dezembro a filiação de cerca de 100 ex-tucanos, um pouco menos, que revoaram rumo ao ninho emedebista. Foram recebidos em dois atos de filiação.
"O PSB ama o MDB"
Entre os maiores partidos, o PSB tem sido o mais indefinido sobre o rumo a tomar. Tem alternativas na centro-esquerda onde está ingressando o PDT, permanecer ao lado do prefeito Adiló Didomenico, como defende o secretário de Habitação, Wagner Petrini, ou ficar ao lado do MDB, parceiro de eleições recentes. Uma fonte do PSB é categórica:
— O PSB ama o MDB, e certamente estará onde o MDB estiver.
A variável nesta equação é que as orientações de direções estaduais também têm peso. E o PSB mantém alianças com os governos do PSDB no Estado e do PT no país.