Não faz nenhum sentido a rejeição pela CPI da Saúde, na reunião desta segunda-feira, de requerimento para ouvir, no âmbito da comissão, a presidente do Sindiserv, o Sindicato dos Servidores Municipais, Silvana Piroli. O requerimento, assinado pelas vereadoras do PT Estela Balardin e Rose Frigeri, foi rejeitado por 4 votos a 3. O antagonismo político foi levado para dentro da CPI. Votaram contra os vereadores Adriano Bressan (PTB), Velocino Uez (PTB) e Alexandre Bortoluz (PP). Votaram a favor, além de Estela, os vereadores Alberto Meneguzzi (PSB) e Renato Oliveira (PCdoB). Como deu empate, o presidente interino, Maurício Scalco (ainda no Novo), desempatou por rejeitar a convocação de Silvana. A vereadora Rose, o presidente da CPI, Rafael Bueno (PDT) e o vereador Olmir Cadore (PSDB) estiveram ausentes.
– Palanque político – justificou Scalco.
É o primeiro requerimento que é rejeitado no âmbito da CPI da Saúde. O depoimento de Silvana, no foco do assunto investigado, é compreensível e pertinente. Os servidores são uma interface importante da questão da saúde pública no município. É indiscutível. O Sindiserv, na sua base, representa 1,9 mil servidores da área da saúde, a maior parte deles atuando em unidades básicas de saúde (UBSs), o que deve – ou deveria – interessar aos vereadores investigadores. Ao mesmo tempo, o Sindiserv tem uma diretoria de Saúde em seu organograma, que faz visitas aos locais de atendimento em saúde e, no Conselho de Saúde, o sindicato também representa os usuários.
– Do que eles têm medo? Acho uma pena. Uma CPI deveria ouvir todos que têm algum envolvimento direto, ouvir diferentes pontos de vista. Será que as pessoas sabem tudo e não precisam ouvir mais ninguém? Ou têm medo de ouvir algumas verdades? – diz Silvana
Se é para investigar a saúde pública em Caxias do Sul, como entende necessário a CPI, é para a apuração ser abrangente, considerando-se todas as interfaces e olhares de todos os protagonistas e prestadores de serviço, e o Sindiserv representa os servidores da saúde. É injustificável a rejeição do requerimento sob alegação de motivação política. A representatividade do sindicato dos servidores reduz a pó o argumento do “palanque político”. O olhar sobre a saúde pública fica incompleto. Se o argumento político, como foi o caso, passar a incidir sobre as decisões da CPI, a saúde deixa de ser prioridade.
Aliás, a CPI esteve bem capenga na reunião ordinária desta segunda-feira, que só tinha esse requerimento a ser votado e, por isso mesmo, foi bastante curta, em torno de 15 minutos.
Houve três ausências: da autora do requerimento de oitiva da presidente do Sindiserv, vereadora Rose, do presidente da CPI, Rafael Bueno (PDT) e de Olmir Cadore (PSDB). Os três justificaram razões pessoais, os dois últimos por exame e consulta de saúde.
O ritmo da CPI esta semana está bem devagar, quando haverá só uma oitiva, na quinta-feira, e a comissão ainda estuda pedido de prorrogação.