Os nove vereadores que salvaram o vereador Sandro Fantinel (sem partido), de Caxias do Sul, da cassação esta semana entoaram em uníssono um discurso de que “todo mundo erra” ou de que houve uma “fala infeliz” quando Fantinel disse, em 28 de fevereiro, “não contratem mais aquela gente lá de cima” e que “a única cultura que eles têm é viver na praia tocando tambor”.
Desconsideraram o teor da denúncia contra Fantinel, quebra de decoro por fala preconceituosa contra trabalhadores baianos. Deixaram de lado o que estava em questão, subestimaram a exposição da cidade, reconhecida nacionalmente como a cidade em que a Câmara não viu problema na manifestação de Fantinel, a ponto de não puni-lo politicamente. Embora tenham tomado o cuidado de ostentar uma espécie de atestado de imunidade ao voto dado, ao enfatizar que reconhecem uma “fala infeliz”, na prática, politicamente, eles assinaram embaixo do que disse Fantinel.
O custo político recém começou a correr e acompanhará os nove vereadores de agora em diante. Serão lembrados pelo voto que deram. Haverá quem se sinta representado pelos votos dos nove vereadores, e não é pouca gente, e esse aspecto também terá efeito eleitoral. Mas, para quem tem familiaridade com o ambiente político e seus meandros, como ele funciona, o custo político com perfil duradouro não é uma cogitação ou especulação, mas uma projeção política inafastável.
Quem votou para salvar e salvou Fantinel da cassação pagou para ver. O custo não será pequeno.