Os atos de domingo, em Brasília, que promoveram quebradeira generalizada no Palácio do Planalto, no Congresso e na sede do Supremo Tribunal Federal, protagonizada por bolsonaristas radicais, teve como consequência política produzir uma forte unidade entre os poderes e governadores em defesa da democracia. Como se viu nas reuniões entre chefes de poderes e governadores na segunda-feira. O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que tentava ser atingido politicamente, uma vez que, desde o início dos atos, os participantes reivindicavam intervenção militar, reversão do resultado das urnas e impedir a posse, acabou mais fortalecido.
Esse novo contexto, pela violência que envolveu os atos e a depredação, acabou isolando os movimentos de direita, isolando esse campo político e acarretando desgaste ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Um prejuízo político sem tamanho, um imenso tiro no pé, pois o efeito foi o contrário do desejado. Fortaleceu o presidente Lula, quando a pretensão era sua retirada do poder.
Mas não foi só. Os acontecimentos de Brasília também estão produzindo rigor jurídico na identificação dos responsáveis pelos atos, dos executores, acarretou determinação do STF de bloqueio e apreensão dos ônibus que transportaram apoiadores e desencadeou a busca pelos patrocinadores, para a consequente punição. Não vai sair barato. Até ontem, no início da noite, o número de presos era de 763 pessoas.
E o ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE, já deu indicações de que não sossegará enquanto não chegar aos patrocinadores dos atos. As pontas abertas disponíveis à investigação são muitas. Os vândalos não tomaram precauções, até porque há um histórico de "não dá nada" em torno de eventos e atos de vandalismo. Quem fez, não acreditava que poderia ser preso. Só que, dessa vez, "vai dar", pois é grande a obstinação do Judiciário e da Polícia Federal na defesa da democracia. Quem patrocinou será descoberto, com a consequente responsabilização penal.
O ataque à democracia não sairá barato.