O arcebispo de Aparecida (SP), Dom Orlando Brandes, defendeu que os fiéis devem ter uma “identidade religiosa” ao ser questionado sobre eventual uso político-eleitoral das celebrações do Dia de Nossa Senhora Aparecida pelo presidente Jair Bolsonaro (PL). O candidato participou da missa das 14h na Basílica, ao lado do candidato ao governo paulista, Tarcísio de Freitas (Republicanos) (na foto acima).
– Eu não posso julgar as pessoas, mas nós precisamos ter uma identidade de religiosa. Ou somos evangélicos ou somos católicos. Mas, seja qual for a intenção, (Bolsonaro) vai ser bem recebido, pois é o nosso presidente – afirmou Dom Orlando.
É importante ter o contexto em que foi proferida a frase, que não tem a intenção de deixar de lado outras manifestações religiosas. Houve um tempo em que a crítica era pesada ao se trabalhar a proximidade dos temas da política e da religião. Atualmente, essa relação é trazida à campanha eleitoral sem a menor cerimônia.
Bolsonaro, que se apresenta como católico, se aproxima cada vez mais de grupos evangélicos no período eleitoral. Ele esteve nas celebrações católicas do Círio de Nazaré, em Belém, no fim de semana, e suas relações com o mundo evangélico, com pastores e bispos, são reconhecidas e entrelaçadas – donde a afirmação do arcebispo de Aparecida. Também conta com a ajuda da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, que é evangélica, e da senadora eleita pelo Distrito Federal e ex-ministra, Damares Alves.
O candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve divulgar uma carta aos evangélicos, em ação de sua campanha, com a intenção de reafirmar o respeito à liberdade religiosa e ocupar um espaço onde seu adversário circula com desenvoltura
Religião e política abrangem temas que se superpõem, que são caros à direita e à esquerda, como a valorização da família, a liberdade de manifestação e a construção da justiça social. Não há problema nessa superposição, que precisa abarcar toda a diversidade de manifestação religiosa e cultural. São valores consagrados. Ao contrário, essa superposição possibilita somar esforços rumo a uma realidade menos dramática e mais democrática para os brasileiros. Mas cada uma, religião e política, com seus caminhos institucionais, suas ênfases, suas preocupações específicas e seus direcionamentos.
Em época de campanha eleitoral, necessário reconhecer igrejas, religiões e devotos como protagonistas sociais a serem ouvidos e considerados na formulação de planos de governo. Mas se recomenda distância na hora de buscar votos. (Com informações de agências de notícias)