O candidato ao governo RS, Eduardo Leite, está em uma encruzilhada sobre a quem apoiar no segundo turno da eleição a presidente: Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ou Jair Bolsonaro (PL). Em seu histórico, tem o apoio a Bolsonaro em 2018, quando o candidato petista era Fernanda Haddad. Mas a eleição atual tem uma particularidade que embaraça os movimentos do candidato à reeleição: Leite quase ficou de fora do segundo turno por 2,4 mil votos. Ficou muito aquém do que previam as pesquisas, e pior, bem atrás do oponente, o bolsonarista Onyx Lorenzoni (PL). Leite pilotava em céu de brigadeiro conforme a orientação das pesquisas. Mas a vida real foi diferente. E agora precisa de votos, muitos votos, para tentar obter a reeleição. Eventual naufrágio eleitoral, e o projeto do Planalto para 2026 sofreria um sério abalo. Sem falar que o partido, o PSDB, nacionalmente, está destroçado com a perda da eleição em São Paulo.
Então, Leite, para se reeleger e manter vivo seu projeto nacional, precisa de votos. E a candidatura petista de Edegar Pretto angariou o mesmo percentual de Leite, cerca de 26%, o que equivale a 1,7 milhão de votos que vagam avulsos pelo Rio Grande.
No entanto, Leite sofre pressão de eleitores que votaram nele em primeiro turno se vier a apoiar Lula. Também vai perder votos se anunciar apoio ao petista. A questão é o cálculo. Teoricamente, numericamente, uma articulação para apoio a Lula, com os eleitores de Edegar Pretto (PT) apoiando Leite, tende a oferecer mais votos ao ex-governador. Há de se considerar que, nessa hipótese, provavelmente nem todos os que votaram no petista iriam transferir voto automático para Leite. Em qualquer consideração que se faça, a matemática eleitoral é imprecisa. Ainda assim, 1,7 milhão de votos é muito voto. Leite tem um problema de matemática a resolver. Como nas provas da disciplina no ensino básico.
O mandamento de Tebet
Um terceira alternativa ao candidato Eduardo Leite seria assumir uma posição de neutralidade. Mas Simone Tebet, a candidata do MDB à Presidência, que nesta quarta-feira anunciou apoio ao candidato Luiz Inácio Lula da Silva em segundo turno, coloca uma questão – independente do apoio para o candidato A ou B – para reflexão do tucano. E de todas as lideranças que ainda não definiram a quem apoiar em segundo turno:
– Nesse momento tão grave de nossa história, omitir-me seria trair minha história de vida pública. Não anularei meu voto, não votarei em branco, não cabe à nação a neutralidade – disse Tebet.