Eucalipto é uma árvore popular no Brasil. A mais plantada. Encontramos eucaliptos por todo lado. Inclusive no meio da praça do bairro Jardim América, onde quatro exemplares tombaram esta semana, pelo fato de serem eucaliptos. Restaram dois no miolo da praça, que tomara permaneçam. A finalidade do plantio é para a indústria, mas também para fins ornamentais. Não raro, fazem parte da memória afetiva de algum cenário, como no meu caso particular. É uma árvore imponente, robusta, que alcança grandes alturas, que proporciona um ambiente mais verde, ecológico e agradável às pessoas, cujos galhos podem ser úteis e atrativos aos pássaros e a todo um ecossistema.
Os troncos das árvores do Jardim América, aliás, estavam robustos. Mas, para autorizar o corte, a Secretaria do Meio Ambiente identificou um calcanhar-de-Aquiles dos eucaliptos, e estava selada a sina daqueles exemplares: enraizamento superficial e facilidade para rachar. Foi fatal. O parecer entende que não são árvores adequadas para o meio urbano, especialmente por esse enraizamento superficial, que criaria situações de risco. Portanto, aquelas árvores cortadas “estavam no lugar errado”, chegou a sentenciar o secretário do Meio Ambiente. Lugar errado porque as pessoas teimavam em se reunir à volta delas, porque se agradavam delas, porque carros param ali perto e uma árvore pode cair em cima e depois seus proprietários cobram indenização. Há risco, foi o veredicto.
Há alguns paradoxos. Se os eucaliptos são plantados, entre outros, com fins ornamentais ou de quebra-vento, por certo que têm algum aproveitamento e utilidade urbana. Eles compõem cenários convidativos e tornam-se ponto de referência. Em Porto Alegre, por exemplo, o antigo estádio do Inter se chamava Estádio dos Eucaliptos, e lá estavam eles. Mas a Secretaria do Meio Ambiente entende que é preciso fazer a substituição. Anos atrás, havia ali na entrada de Forqueta, na frente de um posto de gasolina, uma fileira de 15 eucaliptos. Todos dançaram. É dura a vida dos eucaliptos. E risco, qual árvore não carrega esse componente ao enfrentar uma ventania qualquer? Todas estariam na mira, portanto.
O fato é que a autorização do corte de árvores precisa considerar outros aspectos também, como a preservação de cenários urbanos e ambientais – o da praça do Jardim América, que agora está menos verde e com uma clareira no meio, restou mutilado para quem se acostumou àquelas árvores. Ou como a educação ambiental. O que dizer para as crianças que veem aquelas cicatrizes ambientais expostas? O fato também é que, historicamente, motivos não faltam para cortes de árvores serem autorizados em Caxias do Sul.