Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai governar pela terceira vez o Brasil. Foi consagrado pelas urnas, com o voto de 60,3 milhões de eleitores. Há algumas diferenças centrais entre esta eleição de agora e as outras duas, em 2002 e 2006. Lula ressurge depois de passar 580 dias na prisão em decorrência da Operação Lava-Jato, cumprindo pena aplicada pelo ex-juiz Sergio Moro e confirmada pelo TRF-4, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região, e o Superior Tribunal de Justiça (STJ), mas com reviravolta a partir de decisões do Supremo Tribunal Federal (STF). É um reconhecimento popular pós-prisão, a partir de decisão do STF que considerou o ex-juiz Sergio Moro parcial na condução dos processos que envolviam Lula.
Outra diferença central é que Lula estabeleceu, em relação ao adversário, a consolidação de uma frente em defesa da democracia. A justificativa para esse apoio vindo de políticos emergentes, importantes e históricos foi justamente essa: de que Lula contemplava a defesa da democracia, na correlação com Bolsonaro. A começar pelo mais importante desses apoios, Simone Tebet, candidata do MDB que foi terceira colocada em primeiro turno para presidente, além do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e tucanos históricos. Um mérito de Lula, especialmente, foi detectar a importância política de aglutinar essas forças, como deixou claro em ato realizado terça-feira passada no Teatro da PUC-SP, quando prometeu a formação de um governo “para além do PT”. Outro mérito foi a definição de Geraldo Alckmin (PSB) como candidato a vice. Tebet e Alckmin abriram espaço a Lula no centro democrático.
Outro aspecto essencial dessa eleição, gerador de um movimento amplo pela democracia no lado oposto, foi a consolidação da direita como força política, galvanizada em torno de Bolsonaro, que permanecerá como protagonista importante no cenário político nacional. A partir desse fator é que se estabeleceu o que se chamou de “polarização”. Esse é o grande desafio do presidente eleito: reduzir, por sua atuação política e de gestão, as largas margens desse antagonismo, que, conforme atesta o resultado desta eleição em segundo turno, dividiu o país ao meio.