A coluna Mirante de sexta-feira (9/9) apontou, em uma pequena nota, a intenção do candidato a governador Eduardo Leite (PSDB), manifestada em uma rede social, de tornar a educação “o nosso carro-chefe”. A coluna registrava que, em um eventual segundo mandato, Leite teria uma segunda chance para colocar a educação como “carro-chefe”, pois não foi o que se viu no primeiro governo. O que se constata em Caxias “são escolas estaduais com estrutura física precária, com sinais de abandono e há anos – ou décadas – à espera de recuperação”, dizia a nota.
O triste retrato da desvalorização da educação, governo após governo, está materializado nos sinais de abandono na estrutura física da instituição símbolo da educação em Caxias do Sul, o Instituto Estadual de Educação Cristóvão de Mendoza, no muro do Colégio Imigrante, desabado há três anos, nos problemas do telhado da Escola Alexandre Zattera, no Desvio Rizzo, onde chove dentro em dias de mau tempo.
Coincidentemente, em seu programa eleitoral no rádio nesta sexta-feira, Leite admitiu as dificuldades de seu governo para qualificar a educação, o que respalda o teor da nota da publicada na coluna:
– Me permitam falar com honestidade de uma área onde não deu para fazer tudo o que eu gostaria: a educação. Pra melhorar a qualidade da educação, era preciso resolver nosso maior problema: o equilíbrio financeiro. O primeiro passo foi arrumar a casa. Agora vamos arrumar a escola – prometeu.
Ele lembrou que o atual governo investiu R$ 1,3 bilhão com o Avançar na Educação. Disse que vai “investir ainda mais”, mas, ao relacionar como fará isso, falou inicialmente de transformar a educação com tecnologia e inovação, mais escolas em tempo integral e investir na formação continuada dos professores para, só depois, citar vagamente em “aumentar recursos para obras e melhorias do espaços escolares”.
Qualificar, antes de tudo, a estrutura física das escolas, deixando visível que o espaço escolar é valorizado, proporcionando um ambiente agradável e em boas condições para o aprendizado, é o marco zero. Deveria ser prioridade central – assim como a valorização salarial dos professores. Mas há anos não é.
Questão de ênfase
Há outros candidatos que colocam ênfase clara para a educação na propaganda eleitoral. Vieira da Cunha é um deles, pela tradição do PDT. O candidato fala em “prioridade das prioridades”. Vicente Bogo, do PSB, herdou a intenção expressa pelo candidato original, Beto Albuquerque, que falava em ser “o governador da educação”. Já Luis Carlos Heinze, do PP, tem mencionado especificamente o propósito de “melhorar a infraestrutura das escolas”. Na prática, todos os candidatos mencionam a valorização da educação, e nem poderia ser diferente. Mas há quem coloque mais ênfase. Se fará a diferença, não se sabe.
Recuperar o atraso
Entre os imensos desafios da educação estão o combate à evasão escolar, a valorização salarial do professor, a formação continuada, a melhoria do desempenho no Ideb, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, internet de qualidade para as escolas, recuperar o atraso que veio com a pandemia e, claro, cuidar da estrutura física das escolas.
O descaso com as escolas de Caxias – Cristóvão, Imigrante e Alexandre Zattera são os casos emblemáticos – é imenso, símbolos da desvalorização da educação.