A inclusão da programação Julho das Pretas no calendário oficial de Caxias do Sul foi aprovada na sessão da Câmara desta quinta-feira. O projeto é de autoria da vereadora Estela Balardin (PT, na foto) e recebeu um substitutivo da própria parlamentar, acrescentando a inclusão no calendário oficial e não sendo apenas mais um evento da cidade. Aliás, é o primeiro projeto da vereadora, que se emocionou ao lembrar:
– No dia em que houve a primeira discussão do projeto foi o dia em que acabei indo para o hospital. Hoje é como se eu estivesse falando pela primeira vez sobre o meu primeiro projeto nesta Casa – destacou Estela, com voz embargada.
O projeto foi aprovado por maioria, com 16 votos a favor. Houve quatro votos contrários, dos vereadores Mauricio Marcon (Podemos), Sandro Fantinel (Patriota), Adriano Bressan (PTB) e Alexandre Bortoluz (PP). Em razão disso, houve debate. Os vereadores Rafael Bueno (PDT) e Maurício Scalco (Novo) foram computados ausentes da votação.
Estela lembrou das dificuldades pelas quais passam as mulheres negras em razão da discriminação ainda existente.
– Eu gostaria de dividir algo que vivi na minha infância, que são os traumas e as dificuldades que muitas de nós, mulheres negras, enfrentamos durante toda a vida. São as vergonhas do nosso cabelo, da nossa cor, das nossas diferenças, mas que infelizmente, pela estrutura de sociedade que a gente tem, a gente vai nos condicionando e aprendendo que temos que ter vergonha – revelou.
O Julho das Pretas havia entrado na pauta da Câmara, em primeira discussão, no dia 29 de março. Seria votado em seguida, mas, no dia seguinte, Estela foi internada na UTI do Hospital Geral. Em tratamento de saúde, só retornou à Câmara em 11 de julho. A matéria, então, esperou sua volta para reingressar na pauta.
O projeto tem como referência valorizar a data de 25 de julho, Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha.
Na última semana do mês
Após sanção do Poder Executivo, o Julho das Pretas será lembrado anualmente, na última semana de julho, para "desenvolver campanhas para sensibilizar e conscientizar a população quanto à necessidade de superação das desigualdades de gênero e raça, colocando em evidência o protagonismo das mulheres negras". O projeto prevê ações de mobilização, cursos, palestras, debates, seminários, distribuição de materiais gráficos, ações culturais, e poderão ser promovidas em instituições de ensino públicas e privadas, serviços de convivência e fortalecimento de vínculos, entre outros espaços.