A sessão da Câmara de Vereadores de Caxias do Sul desta terça-feira (12) será marcada pelo retorno de Estela Balardin (PT). Afastada por licença-saúde desde o dia 30 de março, a parlamentar retomou o mandato ainda nesta segunda-feira (11) e irá ocupar a tribuna para um pronunciamento sobre o período de afastamento. Em entrevista à Gaúcha Serra, veiculada no Gaúcha Hoje desta terça-feira, ela falou sobre a internação e adiantou pontos do discurso que fará na Câmara. Confira:
Qual o sentimento em voltar à Câmara após mais de três meses afastada?
No último final de semana, eu pensei muito nessa questão, por pensar minha fala na tribuna nesta terça-feira, porque foram três meses fora desse espaço. Eu volto, principalmente, do sentimento e do que me foi passado pelas pessoas para a minha família. Eu volto pensando que foram três meses, mas mesmo não estando aqui, reforço que é importante estar aqui. Que bom que posso voltar, subir aqui, falar, trabalhar ainda mais. Então, é um sentimento de gratidão a coisas maiores, coisas em que a gente acredita. Gratidão, também, às pessoas que estiveram orando e junto durante todo esse processo.
Ouça a entrevista:
A sua fala na tribuna nesta terça-feira será nesse sentido?
Isso, exatamente. Eu relato uma fala que foi muito pensada. Acho que eu não posso deixar de dizer aqui a dificuldade que é falar sobre esse último período, mas eu a deixo de forma muito sincera, principalmente, no que eu tenho a agradecer, identificar a importância desse período. A importância que a equipe do Hospital Geral teve, a importância que as pessoas tiveram, e a importância do serviço público. Entender a gratidão que precisamos ter nesse processo e como ele se liga à vida prática.
O que mudou na tua vida a partir dessa situação?
Começar (contando) o que aconteceu é importante. Por mais que eu tenha passado bastante tempo no hospital, eu lembro dos últimos 10 dias. O tempo no hospital para mim é um tempo que eu já estava saudável, já tinha retomado a consciência, ainda fraca, porque fiquei muito tempo sem andar, então minhas pernas tiveram fraqueza, mas acordei muito forte de saúde. Me marcou bastante esse período que eu fiquei em casa me recuperando para estar aqui novamente. Me marca nesse sentido de ter que encontrar, dentro de nós, uma força que não é de lidar com tudo sozinha, mas uma força de saber que a gente não está dando conta, de saber que as coisas não são fáceis. Ou seja, isso de que apenas com 22 anos, vindo de onde a gente veio, que a gente vai conseguir. Eu preciso admitir com franqueza as minhas verdades. (Na minha fala na tribuna) vou demonstrar minha felicidade em estar ali para registrar nos anais da Casa Legislativa esse período, mas também demonstrando que a gente passou por esse momento coletivo político juntos, e agora vamos trabalhar juntos. O mandato está aí, terei a pauta da saúde como prioritária, e o que não falta é demanda para a gente gastar a sola do sapato e trabalhar.
O que motivou, de fato, o seu afastamento?
No último dia 30 de março, foi um dia muito difícil, que eu não tenho recordação devido a toda a situação que me levou ao hospital. No hospital, tive diversos agravantes. Inclusive, tenho certeza que vocês noticiaram de forma muito responsável. O afastamento foi através de laudo do INSS de que eu deveria ficar mais este período em casa para me recuperar. Eu não retornei caminhando. Com a ajuda de fisioterapeutas, eu voltei a caminhar. O pulmão também volta a se fortalecer, a questão psicológica também. Esse afastamento foi por conta disso, ele tem um encontro pessoal e espiritual.
Quais os projetos que pretende se dedicar?
Eu tenho como carro-chefe a assistência social por eu ser estudante de Serviço Social, pela importância que eu vejo na Fundação de Assistência Social (FAS), no SUS. A questão das nossas comunidades, do movimento comunitário, dos nossos bairros é algo importante para o mandato. Eu ganho vida quando estou na rua, tendo esse contato e diálogo. Também a questão da saúde que sempre foi prioridade. Nesse último período, sabendo que se não fosse aquela equipe de médicos e enfermeiros, dentro do Hospital Geral, que é um hospital 100% SUS, eu poderia não estar aqui. Tanto a questão da saúde básica, quanto de alta complexidade, vão ser as prioridades do mandato.